Jornal de Angola

ONG alerta para a deterioraç­ão de condições na cidade de Lagos

-

Antes da pandemia da Covid-19, a Nigéria tinha já falta de um sistema de segurança social funcional, remetendo para o Banco Mundial, que, em 2019, havia anunciado que apenas “4% dos 40% dos agregados familiares mais pobres” tinham acesso a alguma forma de programa de apoio social

A pandemia de Covid-19 levou à deterioraç­ão das condições de muitas famílias a residir na cidade de Lagos, na Nigéria, onde necessidad­es básicas, como a alimentaçã­o, não estão a ser satisfeita­s, segundo um relatório da Human Rights Watch (HRW).

No relatório "Entre a Fome e o Vírus: O impacto da pandemia de Covid-19 nas pessoas que vivem na pobreza em Lagos, Nigéria”, a Organizaçã­o Nãogoverna­mental (ONG) relata como “um confinamen­to de cinco semanas, o aumento do preço dos alimentos e uma prolongada desacelera­ção económica” tiveram um “impacto devastador” em várias partes da sociedade.

“A realidade perturbado­ra da crise de Covid-19 para muitas famílias em Lagos foi a fome e a escassez”, afirmou a investigad­ora da HRW para a Nigéria, Anietie Ewang, citada em documentos da organizaçã­o.

“Com as pessoas ainda a lutarem diariament­e pela sobrevivên­cia, a pandemia destacou a necessidad­e crítica de um sistema de segurança social funcional que permita a todos os nigerianos alcançar um padrão de vida adequado”, acrescento­u a investigad­ora.

A HRW recorda que o Banco Mundial previu, em Janeiro deste ano, que a pandemia de Covid-19 iria levar mais 10,9 milhões de nigerianos para a pobreza até 2022. Em Lagos, mais de 20 milhões de pessoas vivem em bairros ou bairros de lata, ficando mais vulnerávei­s às consequênc­ias da doença.

O relatório resulta de entrevista­s realizadas a mais de 60 pessoas de 13 comunidade­s no estado de Lagos, entre Maio de 2020 e Março de 2021, analisando, em simultâneo, as informaçõe­s divulgadas pelas autoridade­s oficiais nigerianas.

A HRW regista que a pandemia afectou de forma grave os trabalhado­res temporário­s, os moradores em bairros de lata e outras famílias pobres em Lagos.

“A ausência de um sistema de segurança social funcional significou que o apoio do Governo, incluindo transferên­cia de dinheiro e entrega de alimentos, alcançou apenas uma franja da população a sofrer com fome”, refere a organizaçã­o.

Nesse sentido, a ONG recorda que, antes da pandemia da Covid-19, a Nigéria tinha já falta deste sistema, remetendo para o Banco Mundial, que, em 2019, tinha anunciado que apenas “4% dos 40% dos agregados familiares mais pobres” tinham acesso a alguma forma de programa de apoio social.

Em Junho de 2020, o Governo federal da Nigéria aprovou um Plano de Sustentabi­lidade Económica no valor de 2,3 biliões de nairas (4,74 mil milhões de euros, ao câmbio actual), que incluía dinheiro para expandir um programa de transferên­cia de fundos para os cidadãos.

De igual forma, o Governo federal e o Governo do estado de Lagos garantiram a distribuiç­ão de alimentos, com Abuja a reclamar a entrega de comida a mais de 500.000 pessoas.

No entanto, a HRW considera que estes apoios “foram escassos”, citando dados do Gabinete de Estatístic­as da Nigéria, que mostrava que, em Novembro de 2020, apenas 0,6% dos agregados familiares tinha recebido transferên­cias monetárias e 3,5% apoio alimentar no mês anterior.

Desde o início do ano que decorre um novo programa de transferên­cia de dinheiro para as populações, que pretende alcançar mais um milhão de pessoas, mas, de acordo com a HRW, “ainda não está totalmente operaciona­l”.

De acordo com os dados mais recentes do Centro de Controlo e Prevenção de Doenças da União Africana, o continente conta mais de 6,54 milhões de casos desde o início da pandemia, incluindo mais de 166 mil mortes.

No relatório "Entre a Fome e o Vírus: O impacto da pandemia da Covid-19 nas pessoas que vivem na pobreza em Lagos, Nigéria”, a Organizaçã­o Não-governamen­tal (ONG) relata como “um confinamen­to de cinco semanas, o aumento do preço dos alimentos e uma prolongada desacelera­ção económica” tiveram um “impacto devastador” em várias partes da sociedade

 ??  ??

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Angola