Dia da Mulher Africana
Celebra-se hoje, o Dia da Mulher Africana, efeméride proclamada durante a primeira conferência da Organização Pan-africana das Mulheres (PAWO, em inglês), realizada em Julho de 1962, em Dar-es -Salaam, Tanzânia, numa iniciativa da antecessora da União Africana, a extinta Organização de Unidade Africana (OUA).
Cinquenta e nove anos depois, a condição da mulher africana mudou em termos relativos um pouco por todo o continente, a julgar pela redução do analfabetismo, apenas para mencionar este indicador social. É verdade que, ainda cingindo-se ao referido dado, a realidade não é uniforme em todo o continente, existindo regiões e países em que a situação das mulheres em geral prevalece mais ou menos a mesma desde às independências, no ano de 1960.
Hoje, os piores indicadores continuam a afectar o maior segmento da população africana, obviamente, as mulheres, razão pela qual aos Estados membros a União Africana e os Governos pedem para redobrarem esforços no sentido de assegurar às pessoas do sexo feminino as mesmas condições e oportunidades que os homens.
Sabemos todos que os números da mortalidade materna e neonatal são preocupantes na maior parte dos países da África subsaariana, razão pela qual a Organização Mundial da Saúde (OMS) insta que, entre os objectivos da celebração, constem a atenção e o enfoque naquelas duas variáveis citadas.
A pobreza, o desemprego, a má remuneração, o analfabetismo, o VIH-SIDA, apenas para mencionar estes males sociais, atingem em proporções desiguais as mulheres. E se a estes fenómenos juntarmos os efeitos das alterações climáticas e as calamidades naturais, que acabam sempre por condicionar as actividades em que, nas zonas rurais, predominam as mulheres, não há dúvidas de que os desafios enfrentados pelas senhoras se acentuam desproporcionalmente.
É preciso que as questões de género sejam também e fundamentalmente encaradas sob a perspectiva do desenvolvimento que as comunidades precisam. Privar as mulheres do espaço que devem ocupar, das opções que devem adoptar, das decisões que têm que tomar e da complementaridade ao lado dos homens, resulta em perdas para todos.
Num dia como hoje, urge reflectir sobre a condição da mulher africana, sobretudo ali onde ela é vítima dos conflitos armados, de casamento precoce, de falta de liberdade para dispor de si e tomar decisões, bem como ali onde padece de tratamento discriminatório no acesso ao ensino, aos cuidados médicos, etc..
Felizmente em Angola, a condição da mulher conhece progressos, numa altura em que se faz grandes esforços, por parte do Executivo, em que a sociedade desperta para os aspectos ligados ao género e em que a sociedade toda tende para a igualdade. Na verdade, começa a crescer a ideia de que apenas com a mulher livre para dispor de si, estudar, trabalhar, entre outros, em igualdade de circunstâncias com os homens, poderá haver maior liberdade para todos. Saudemos o Dia da Mulher Africana em geral e a mulher angolana em particular, ali onde se encontra, de Cabinda ao Cunene e na diáspora.