Jomo Fortunato destaca contribuições de África na construção da Língua Portuguesa
O ministro da Cultura, Turismo e Ambiente, Jomo Fortunato, destacou, ontem, em São Paulo, Brasil, os vários contributos lexicais e fonológicos que a África, através das línguas bantu, teve no “corpus” actual da Língua Portuguesa, que é a sexta mais falada do mundo.
Jomo Fortunato representou, ontem, o Presidente da República, João Lourenço, na cerimónia de reabertura oficial do Museu da Língua Portuguesa, na cidade de São Paulo, reconstruído depois de um incêndio de grandes proporções, em Dezembro de 2015.
Na intervenção na cerimónia, o governante angolano considerou a reinauguração do Museu da Língua Portuguesa um acto de grande magnitude histórica para os povos falantes do “nosso idioma”, em geral, e do espaço africano da língua portuguesa, em particular.
O ministro angolano lembrou que o Museu da Língua Portuguesa, ontem oficialmente reinaugurado, “é uma das primeiras instituições totalmente dedicadas ao idioma e que celebra a língua como elemento fundador da
nossa cultura”, falada por 261 milhões de pessoas em todo o mundo.
Jomo Fortunato sublinhou, ainda, que durante o longo período de restauro, o Museu da Língua Portuguesa não estava parado, realizou uma importante mostra itinerante, que passou, em 2018, por Angola, Cabo Verde, Moçambique e Portugal.
Acrescentou que a itinerância do acervo dessa mostra marcou a história do
Centro Cultural do Brasil em Luanda, com a exposição multimédia “A Língua Portuguesa em Nós”, que ficou patente de 13 de Maio a 24 de Agosto de 2018, um momento marcadamente significativo da agenda cultural da capital angolana.
Esta exposição, inédita em Angola, fez um trajecto pela presença da língua portuguesa no mundo, no contacto com outras expressões linguísticas, o contributo na
formação cultural dos povos e expressividade projectada na música, culinária e na literariedade do património das nossas terras.
Segundo o ministro, Angola espera que o Museu da Língua Portuguesa sirva os investigadores de várias latitudes do planeta e venha propiciar uma discussão mais dilatada da pertinência das “nossas questões linguísticas”, promovendo, ainda mais, a integração dos povos nas dinâmicas políticas e culturais.
Além do ministro da Cultura, Turismo e Ambiente, que representou o Chefe de Estado angolano, João Lourenço, a reinauguração do Museu da Língua Portuguesa contou com a presença de várias figuras de Estado, entre as quais as dos Presidentes de Portugal, Marcelo Rebelo de Sousa, e de Cabo Verde, Jorge Carlos Fonseca.
Os ex-presidentes do Brasil Michel Temer e Fernando Henrique Cardoso também discursaram no evento. O Governo de Jair Bolsonaro não mandou qualquer representante à cerimónia.
O prefeito da cidade de São Paulo, Ricardo Nunes, e o governador do Estado, João Doria, também compareceram. Durante o discurso, Doria salientou que o museu voltou ampliado, com mais recursos e tecnologia.
O museu foi reconstruído por iniciativa do governo de São Paulo, em parceria com a Fundação Roberto Marinho e a EDP Brasil. As obras de recuperação tiveram o apoio da Fundação Calouste Gulbenkian e do Governo federal. O projecto contou ainda com o patrocínio do Grupo TV Globo, Grupo Itaú e Sabesp.
O conteúdo do museu foi desenvolvido com a colaboração de escritores, linguistas, investigadores, artistas, entre outros profissionais de vários países, cuja pátria é - como dizia Pessoa - a língua portuguesa.