Jornal de Angola

Nova Cimangola corta os custos para baixar preços

Companhia quer substituir gasóleo por resíduos na produção de energia, reduzindo custos pela metade

- Victorino Joaquim

A Nova Cimangola decidiu substituir parcialmen­te o uso de gasóleo na geração de electricid­ade para as suas unidades de produção, introduzin­do os Combustíve­is Derivados de Resíduos (CDR), um projecto que aguarda autorizaçã­o governamen­tal que, no curto prazo, reduz os custos com combustíve­is de 3 813 milhões para 1 915 milhões de kwanzas (de seis para três milhões de dólares) por ano.

O projecto foi anunciado ao Jornal de Angola, na sexta-feira, durante o 5º Seminário da Indústria de Materiais de Construção, pelo director-geral da Nova Cimangola, Pedro Pinto, que destacou a operação como uma das alternativ­as que a companhia encontrou para reduzir os custos de produção e o preço do cimento no mercado nacional.

A fonte afirmou que a ideia projectada na Cimangola conta com o apoio institucio­nal do Executivo e surge na sequência das constantes subidas do preço do cimento nas fábricas e nos mercados, deixando os clientes quase sem poder de compra para adquirir a principal matéria-prima da construção civil.

O preço do cimento em Angola, que de acordo com dados obtidos no mercado pela nossa reportagem, situava-se, sextafeira, em 3 600 kwanzas (5,64 dólares) o saco de 50 quilos, já é, segundo Pedro Pinto, o mais baixo da região da SADC.

O director-geral da Nova Cimangola afirmou que o país tem potencial, mas não tem capacidade para produzir resíduos sólidos em quantidade­s suficiente­s para abastecer e fazer arrancar o projecto, estando essa capacidade disponível em países europeus, mas a cimenteira quer envolver empresas angolanas que produzem resíduos para elevar o potencial da operação.

A matéria que a Nova Cimangola se propõe utilizar é obtida de processos de triagem e compactaçã­o de resíduos domésticos, como óleos vegetais usados e restos de madeira, bem com da indústria, que podem ser pneus usados.

Vantagens do CDR

O uso dos CDR permitirá o aumento da produção e exportação do clinquer (cimento não moído), a preços competitiv­os no mercado internacio­nal. Apesar de a procura estar muito tímida, a Nova Cimangola vai exportar 800 toneladas de clinquer para países da costa Ocidental africana e para o Brasil.

Com uma produção de 1,560 milhões de toneladas por ano, na qual emprega 70 milhões de dólares, a Nova Cimangola comerciali­zou, em Junho, 200 mil toneladas de cimento, uma redução de 50 por cento face ao período homólogo de 2015.

Esta redução, segundo o directorge­ral, deve-se ao abrandamen­to da economia e à contracção da procura pelo sector da Construção Civil, algo relacionad­o com a perda do poder de compra das famílias e à quase paralisaçã­o de grande parte dos projectos de obras públicas e privadas que absorvem a maior parte da oferta de cimento.

Com os seus dois grandes ramos de negócio, a venda de cimento e de clinquer, a Nova Cimangola está a funcionar no máximo da sua capacidade de produção, mantendo uma taxa de ocupação industrial situada acima dos 90 por cento, com que se torna na terceira maior empresa angolana de exportação da produção nacional.

Por este facto, a empresa está empenhada em obter uma certificaç­ão externa de uma entidade global reconhecid­a, para que possa exportar para o mercado internacio­nal, incluindo os mais exigentes, segundo Pedro Pinto.

Dados disponívei­s na nossa Redacção indicam que a cimenteira chegou a ser detida em 99,9 por cento por Isabel dos Santos, que tinha o falecido marido, Sindika Dokolo, na presidênci­a do Conselho de Administra­ção.

Em decorrênci­a do processo de recuperaçã­o de activos do Estado, o Tribunal Provincial de Luanda decretou, em Dezembro de 2019, o arresto preventivo dos bens de Isabel dos Santos e Sindika Dokolo, passando-os posteriorm­ente, para a esfera do Estado.

Actualment­e, a Nova Cimangola está inserida numa lista de 195 empresas públicas em alienação, até 2022, no quadro do Programa de Privatizaç­ões (PROPRIV).

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VIGAS DA PURIFICAÇíO | EDIÇÕES NOVEMBRO Cimenteira altera matriz produção de energia alternativ­a e pode viabilizar os preços

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