Gociante Patissa: “O Homem Que Plantava Aves”
“As aves no coração da aldeia eram prestimosas mensageiras. Disputavam o céu, cada espécie tentando caprichar num rol de acrobacias desinteressadas. Anunciavam ora cacimbos de grandes caçadas, ora estações de férteis chuvas. Um lindo espectáculo de se ver. Várias sessões ao dia. Garças pela manhã, cegonhas ao meio dia, gaivotas ao cair da tarde. À boleia, até as corujas, odiadas pelo seu mau presságio, e daí o pânico, viam-se temporariamente toleradas.”
Luandino Vieira: “Lourentinho, Dona Antónia de Sousa Neto & Eu”
“O irmão sorri, desacredita? Sempre não queira ser sábio ignorante: rir é remendo na roupa rota – tapa só, esconde nada... O dito, repito: mandioqueira de musseque é superior criatura de qualquer douto vereador municipelasco!
Trintium de boca? É dos livros, irmão, já disseram os muitos doutores. O Espírito Santo até, o próprio Deus com Moisés seu profeta: “Germinará a terra vegetação, ervas que deem semente e árvores frutíferas...” – no terceiro dia do Génesis, logo-logo. Aí, o homem, nem que era sombra de um sonho, jimboa-de-quimbundo matriarca de netos já, se adoceando para quizacas, sacafolhas.”