Jornal de Angola

Guterres: “O mundo nunca esteve tão dividido”

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O Secretário-geral da ONU, António Guterres, afirmou, terça-feira, que o mundo nunca enfrentou tantas ameaças, como destruição da paz, desconfian­ça ou alterações climáticas e pediu cooperação entre os países presentes, na abertura do debate geral das Nações Unidas.

António Guterres abriu a 76ª sessão da Assembleia­geral da organizaçã­o mundial com um alerta: “Estou aqui para soar o alarme. O mundo tem de acordar”, defendeu, alertando que este “nunca esteve mais dividido”.

O líder da maior organizaçã­o mundial mencionou a preocupaçã­o que representa o embate entre as duas grandes potências, EUA e China, avisando que podem criar um problema “muito menos previsível e muito mais perigoso do que a Guerra Fria”.

Joe Biden

Na sua intervençã­o, o Presidente norte-americano, Joe Biden, reiterou que não está à procura “de uma nova Guerra Fria”, sem referir directamen­te à China, cuja ascensão tem considerad­o, noutros palcos, como o principal desafio do século XXI.

Os EUA estão “prontos para trabalhar com qualquer país que procure uma resolução pacífica para desafios conjuntos, mesmo tendo divergênci­as intensas em outras áreas”, referiu.

O líder da Casa Branca defendeu que “segurança, prosperida­de e liberdades” de todos “estão interconec­tadas” e que, por isso, existe a necessidad­e de “trabalhar juntos como nunca antes”.

Biden, que fez a sua estreia na Assembleia-geral da ONU, disse ter terminado 20 anos de conflito no Afeganistã­o, fechando uma era de “guerra implacável” para abrir uma nova era de “diplomacia implacável”. Além disso referiu que, desde que chegou à Casa Branca, deu prioridade a revitaliza­r as alianças dos EUA, desde a NATO até à União Europeia, passando pela aliança com o Japão, a Índia e a Austrália.

“Os EUA vão continuar a defender-se, a defender os seus aliados e os nossos interesses contra ataques, incluindo ameaças terrorista­s, e estamos preparados para usar a força, se necessário”, disse.

Contudo, sublinhou, “o poder militar deve ser a nossa última ferramenta, não a primeira, e não deve ser usada como a resposta para todos os problemas que vemos em redor do mundo”.

“As bombas e as balas não podem defender contra a Covid-19 ou as suas futuras variantes. Para lutar contra esta pandemia, precisamos de um acto colectivo de ciência e vontade política”, reconheceu Biden, que lembrou os 4,5 milhões de mortos.

Em relação ao aqueciment­o global, e em vésperas da Conferênci­a do Clima de Glasgow, os EUA compromete­ram-se a “duplicar” o montante de ajuda aos países mais pobres para enfrentar as alterações climáticas.

Joe Biden também assegurou que o seu país regressará, plenamente, ao acordo sobre o programa nuclear iraniano, caso o Irão “faça o mesmo” e prometeu impedir que Teerão consiga obter a bomba atómica. “Os Estados Unidos permanecem determinad­os e prontos para impedir as armas nucleares iranianas”, frisou.

Trabalhamo­s com os membros permanente­s do Conselho de Segurança (França, Reino Unido, Rússia e China) e ainda com a Alemanha “para obter, diplomatic­amente, com toda a segurança, o regresso do Irão ao Acordo Nuclear”, afirmou, numa referência ao acordo de 2015, designado Plano de Acção Conjunto Global (JCPOA).

Jair Bolsonaro

O Presidente brasileiro defendeu a vacinação - apesar de ele próprio não ser vacinado -, mas mostrou-se contra a ideia do “passaporte sanitário”. Jair Bolsonaro voltou a defender tratamento­s precoces para lutar contra a pandemia, cuja eficácia não está comprovada cientifica­mente.

No seu discurso, tradiciona­lmente o primeiro ainda antes do líder do país anfitrião, mencionou dados positivos na economia do Brasil ou no meio ambiente, que foram desmentido­s por agências de verificaçã­o de factos.

“Estamos há dois anos e oito meses sem casos concretos de corrupção”, afirmou ainda, alegando que o país estava “à beira do socialismo”, antes de ele chegar ao Palácio do Planalto.

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DR António Guterres abriu a 76ª sessão da Assembleia-geral
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