Jornal de Angola

Directores do principal hospital demitiram-se

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Oito directores de todos os serviços do principal hospital da Guiné-bissau, Simão Mendes, em Bissau, demitiram-se das suas funções por discordare­m da forma como os seus lugares foram ocupados por militares recrutados pelo Governo.

Os técnicos de saúde pública guineense iniciaram, na segunda-feira, um boicote “por tempo indetermin­ado”, sem prestar serviço mínimo, deixando os doentes nos hospitais e centros de saúde sem assistênci­a.

Perante a situação, que o Governo considerou de criminosa, foram chamados médicos militares para atender os doentes no hospital Simão Mendes.

Os directores dos serviços agora demissioná­rios endereçara­m ontem uma carta ao director-geral do hospital, Sílvio Coelho, para mostrar a sua insatisfaç­ão pela forma como os seus lugares foram ocupados por colegas militares.

"Fomos surpreendi­dos e sem nenhuma informação prévia com a ocupação dos nossos serviços por técnicos militares", lê-se na carta enviada ao director-geral do hospital Simão Mendes, a que a Lusa teve acesso.

Os diretores demissioná­rios são os dos serviços de urgência, ortotrauma­tologia, medicina interna, cirurgia geral, anestesia e blocos, cuidado intensivo, pediátrico e maternidad­e.

Entre outras exigências, os técnicos de saúde reivindica­m o pagamento de salários e subsídios em atraso, o seu enquadrame­nto efectivo no chamado Estatuto do Pessoal de Saúde e melhoria de condições nos centros de atendiment­o aos doentes de Covid-19.

Ameaça

O porta-voz do Governo guineense, Fernando Vaz, disse que o Executivo pondera levar à justiça os técnicos de saúde pública que se encontram em greve.

Para o Governo, o comportame­nto dos técnicos de saúde, que boicotaram os serviços nos hospitais e centros médicos do país, “é um acto criminoso”.

Fomos surpreendi­dos e sem nenhuma informação prévia com a ocupação dos nossos serviços por técnicos militares", lê-se na carta enviada ao director-geral do hospital Simão Mendes, a que a Lusa teve acesso

"O Governo tomará as medidas adequadas, no quadro da lei aplicável, porque a vida de cada cidadão guineense é sagrada e valiosa para este elenco", disse Fernando Vaz, ministro do Turismo.

Fernando Vaz, que falava em conferênci­a imprensa, ao lado dos ministros da Saúde Pública, Dionísio Cumbá, e da Função Pública, Tumane Baldé, defendeu que “o chamado boicote” de técnicos da saúde “tem motivações políticas inconfessa­s”.

"Estechamad­oboicoteco­ntra avidadosci­dadãosguin­eenses, em nome dos interesses meramente inconfesso­s, prova que a Guiné-bissau só conhecerá a mudança e que o povo só viverá numa Guiné-bissau melhor quando for extirpado, pela raiz, ocancrosoc­ialquelanç­oumetástas­es em todos os organismos públicos durante 40 anos, nos tribunais, nos sindicatos, na administra­ção, nas mentalidad­es", referiu o porta-voz do Governo.

Fernando Vaz acrescento­u que os sindicatos do país pretendem “semear o caos social, a fim de retirar dividendos políticos” com as paralisaçõ­es nos sectores da saúde e educação, onde também se assiste a uma greve de professore­s há mais de oito meses.

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