O discurso do Presidente
A solidariedade internacional e o engajamento de todos os Estados pode ser a saída não apenas para se garantir maior cobertura de vacinação contra a Covid-19, mas também evitar o agudizar de desigualdades que impactam nas economias, sobretudo dos países de médio e baixo rendimento.
Ao defender ontem, durante a o discurso que proferiu na ONU, o Presidente da República, João Lourenço, lembrou que é “chocante o facto de alguns países evoluírem já para a terceira dose, quando há outros que nem sequer a primeira dose conseguiram assegurar para as suas populações”.
Durante os quinze minutos, a que os Chefes de Estado e de Governo têm direito, nesta fase de debate, no âmbito da 76ª Sessão da Assembleiageral, que decorre na cidade de Nova Iorque, nos Estados Unidos, João Lourenço defendeu a necessidade de a vacina contra a Covid-19 ser encarada como “um bem universal”, a que todos os povos deviam ter acesso igualmente universal.
O impacto da pandemia é notável no campo económico, numa altura em que as economias da maioria dos países, particularmente a dos Estados de média e baixa renda, razão pela qual muitos países viram-se confrontados com o espectro da estagnação económica.
Angola, felizmente, mesmo nas circunstâncias em que a Covid-19 acabou por acentuar desafios, procurou sempre honrar com os seus compromissos internacionais, à medida que procura igualmente dar resposta aos desafios trazidos pela Covid-19.
Dentro das limitações que tem e enfrenta, Angola trava a Covid-19 de acordo com as condições que existem e que permitiram, até aqui, reduzir significativamente o que eventualmente seriam níveis acentuados de contágio.
Ao lado dos desafios provocados pela Covid-19, o Mais Alto Magistrado da nação angolana lembrou igualmente os aspectos ligados à paz, estabilidade e segurança internacionais e regionais.
Em África, quando se esperava que os processos democráticos, ali onde alguma estabilidade proporcionaria espaço para promover o Estado de Direito, a democracia e tudo ligado àqueles dois factores, acabamos hoje confrontados com uma realidade preocupante, relacionada com a permanente tentação que os militares, nalguns países, sentem para intervir na política.
Os exemplos do Mali, da Guiné Conacry e, muito recentemente, o golpe de Estado não consumado no Sudão, como sublinhou o Presidente João Lourenço, “não devem prosperar em África”, razão pela qual a comunidade internacional deve fazer tudo para inverter o quadro e tendência, em algumas realidades.
Realidades como o regresso de mercenarismo em algumas partes de África, os desastres naturais, as doenças de maior impacto como a malária, entre outros desafios, foram igualmente destacadas no discurso do Presidente João Lourenço na tribuna da Assembleia-geral.