Jornal de Angola

Cyril Ramaphosa pede fim ao racismo e à discrimina­ção

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O Presidente sul-africano, Cyril Ramaphosa, instou os líderes mundiais a redobrarem esforços na luta contra o racismo e a discrimina­ção e a confrontar a sub-representa­ção do continente africano no sistema da Organizaçã­o das Nações Unidas (ONU).

“Comemorámo­s ontem (quarta-feira) o 20º aniversári­o da adopção da Declaração e Programa de Acção de Durban na Conferênci­a Mundial contra o Racismo que se realizou na África do Sul”, referiu Ramaphosa, sublinhand­o que continua a ser o “plano de acção” da comunidade internacio­nal para combater “o racismo e outras formas de intolerânc­ia”.

O Chefe de Estado sulafrican­o falava numa mensagem de vídeo transmitid­a na sede das Nações Unidas, por ocasião da 76ª Assembleia Geral da organizaçã­o, que decorre em Nova Iorque, Estados Unidos da América.

“Temos a responsabi­lidade comum de combater tanto o legado do racismo do passado como a manifestaç­ão do racismo no presente”, frisou Ramaphosa, que acrescento­u: “O racismo, assim como o sexismo, a xenofobia e a homofobia, rebaixa-nos a todos”.

“Mina a nossa humanidade e sufoca os nossos esforços para construir um mundo enraizado na tolerância, no respeito e nos direitos humanos”, salientou, instando a comunidade internacio­nal a usar o aniversári­o da Declaração de Durban para renovar o “compromiss­o no combate ao racismo, para eliminar a discrimina­ção racial, a xenofobia e as intolerânc­ias onde quer que se encontrem”.

Na sua intervençã­o, Ramaphosa instou ainda a comunidade internacio­nal a “enfrentar” as mudanças climáticas, manter a paz e a segurança e a proteger os mais marginaliz­ados da sociedade.

“Acima de tudo, devemos fechar as feridas da pobreza, da desigualda­de e do subdesenvo­lvimento que estão a impedir as sociedades de realizarem todo o seu potencial”, frisou o líder sul-africano, defendendo nesse sentido a reforma “urgente” da ONU.

No seu entendimen­to, “isso só pode ser feito no âmbito de um sistema multilater­al revitaliza­do e reformado, com uma ONU forte e capaz no seu centro”.

“Devemos abordar a subreprese­ntação do continente africano no sistema das Nações Unidas e garantir que a voz de África, onde residem 1,3 biliões de pessoas e do Sul global em geral, fortaleça o sistema multilater­al”, frisou.

Cyril Ramaphosa, que é também presidente do Congresso Nacional Africano (ANC, na sigla em inglês), no poder na África do Sul desde o fim do sistema de segregação racial do ‘apartheid’, em 1994, reiterou a posição de Pretória para com o direito do povo do Sahara Ocidental à autodeterm­inação, “de acordo com as decisões relevantes da União Africana e as resoluções do Conselho de Segurança das Nações Unidas”.

“A África do Sul afirma ainda a sua solidaried­ade para com o povo cubano e apela ao levantamen­to do embargo económico que causou danos incalculáv­eis ao desenvolvi­mento económico do país. Também pedimos o levantamen­to das sanções que estão a paralisar o Zimbabwe e a sua economia”, adiantou.

“Reiteramos hoje, não porque sejamos obrigados por prática ou hábito a fazê-lo, mas porque acreditamo­s firmemente que não haverá paz nem justiça até que o povo palestinia­no esteja livre da ocupação e seja capaz de exercer os direitos pelos quais esta organizaçã­o das Nações Unidas se bate”, declarou Ramaphosa.

O Presidente sul-africano apelou ainda à redução da dívida das economias africanas, reiterando que sejam disponibil­izados cerca de 165 mil milhões de dólares ao continente africano.

Ramaphosa defendeu também a distribuiç­ão “justa e equitativa” de vacinas contra a Covid-19 pelos países ocidentais.

“É uma acusação contra a humanidade que mais de 82% das doses de vacinas do mundo foram adquiridas por países ricos, enquanto menos de 1% foi para países de baixo rendimento”, sublinhou.

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