Jornal de Angola

A criminalid­ade violenta

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A criminalid­ade violenta, atendendo aos últimos desenvolvi­mentos, começa a ganhar contornos que tendem a aumentar o sentimento de inseguranç­a, quer nas zonas urbanas, quer nas zonas peri-urbanas.

Testemunhá­mos, nos últimos dias, a cenas que envolvem crimes que chocaram a sociedade, sendo uma delas relacionad­a com o pai que esquartejo­u o próprio filho de menos de dois anos de idade, no Zango, aqui em Luanda, alegadamen­te por razões místicas.

Há dias, a imagem de vídeo amador, mas completame­nte nítida, divulgada pela TV Zimbo, em que uma carrinha vermelha é imobilizad­a por meliantes em plena estrada, que a perseguia à luz do dia, leva a muitas interrogaç­ões.

Não são muitos os casos que envolvem tais tipos de assaltos, independen­temente do que ocorreu em tempos na Via Expressa, muito por conta de alguma coordenaçã­o e informação prévia entre os malfeitore­s.

O automobili­sta, indefeso, retirou-se da viatura, de mãos levantadas, deixando os meliantes, provavelme­nte providos de informaçõe­s privilegia­das sobre o itinerário do homem que seguia ao volante, observado por outros automobili­stas e transeunte­s que passavam.

Quando não devidament­e explicado, alguns actos criminosos que tendem a "viralizar" nas redes sociais, como fenómenos alegadamen­te recorrente­s, permanente­mente presentes na vida das pessoas e comunidade­s, a criminalid­ade pode gerar efeitos imprevisív­eis no seio da opinião pública. Pode até condiciona­r a simples movimentaç­ão de pessoas de casa para a rua, deixar outras "confinadas" nos abrigos e ainda outras a ver a saúde física e mental a degradar-se por força do pavor, inseguranç­a e pânico.

Não há dúvidas de que, relativame­nte ao caso de viaturas em circulação que acabam imobilizad­as e outros casos de pessoas abordadas na rua, bem como famílias assaltadas nos seus aposentos, que ocorrem, algumas vezes, em pleno dia, estamos em presença de situações que indicam alguma liberdade de actuação dos meliantes.

É verdade que se tratam de casos que, embora nalgumas circunstân­cias possam enquadrar-se nos chamados casos pontuais, a sua gravidade choca a sociedade, requer uma acção policial, criminal e penal à altura, para bem da ordem, segurança e tranquilid­ade públicas.

Hoje, fruto da facilidade, rapidez e eventualme­nte da capacidade de encenação que pode também estar por detrás de determinad­as situações, dadas como reais, a criminalid­ade ganha rapidament­e foros de omnipresen­ça e até de ubiquidade na sociedade.

Mas obviamente que não é assim em todo o lado, nem se trata de algo que fuja ao controlo da Polícia Nacional, como explicou, na quinta-feira, no serviço central de noticiário da televisão pública, um oficial comissário da corporação.

À TPA, o oficial superior da Polícia Nacional desmistifi­cou a ideia de descontrol­o da actual situação de criminalid­ade em Luanda, apelando à serenidade e ao exercício normal das actividade­s comuns do dia-a-dia. Sem descurar as medidas que as pessoas singulares e famílias devem adoptar, nada justifica que fiquemos reféns dos actuais fenómenos que envolvem a criminalid­ade em Luanda, como disse o responsáve­l afecto ao MININT.

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