CARTAS DOS LEITORES
A promoção da paz, estabilidade, reconciliação e unidade nacional requerem um esforço e sentido de compromisso de todos, em qualquer parte do mundo. Os países em contexto de pós conflito, como o nosso país, têm uma experiência para compartilhar, têm histórias para contar e motivos para serem exemplares no que ao reforço da unidade nacional e reconciliação dizem respeito. É verdade que não há perfeição em tudo isso, na medida em que a natureza humana faz de nós pessoas falíveis na materialização dos seus projectos pessoais ou de grupos. Cada experiência constitui um caso novo e único, mas do qual se pode retirar as melhores ilações possíveis para que os outros povos aprendam também a melhor fazer a caminhada na direcção da paz, estabilidade e reconciliação.
É sobre essa realidade que escrevo hoje, enaltecendo a nossa experiência, numa altura em que a paz se torna irreversível em Angola. A unidade nacional é um pressuposto relevante para erguermos um país bom para todos, em que todos se possam rever e, continuamente, dar o seu contributo.
Seremos mais fortes à medida que soubermos identificar os pontos que nos unem, gerir da melhor maneira possível aqueles que nos dividem e seguirmos sempre em frente. Não temos tempo a perder porque, na verdade, já perdemos muito tempo com o período de guerra que Angola viveu entre 1975 a 1991 e depois entre 1992 a 2002. Hoje, a palavra de ordem em todo o país é a unidade e a reconciliação nacional. Não se trata de um percurso fácil na medida em que exige de cada angolano e angolana o esforço contínuo para melhorarmos. Devemos reconhecer que nem tudo vai bem, é verdade, mas não podemos ficar condicionados pelo leite derramado, como se diz. Precisamos de continuar a ganhar tempo, nesta caminhada, na direcção da reconciliação e reforço da unidade nacional.
A unidade de todos é parte de um processo contínuo de superação de cada angolano, das famílias e das comunidades de Cabinda ao Cunene. Temos que ganhar consciência de que nunca vamos nos entender a cem por cento e, na verdade, esperar que nos entendamos sempre e a toda a hora vai traduzir-se naquilo que a diz Bíblia Sagrada descreve como um esforço para alcançar o vento. Insisto que não podemos esperar que concordemos todos com todos, facto que, às vezes, assusta a alguns, mas que nos deve lembrar que somos diferentes e que vamos crescer na diversidade e na adversidade. Os últimos anos, em que se reforça a nossa democracia, permitem dizer que o processo em que nos encontramos, para a construção do país que pretendemos, estão a correr bem, embora haja necessidade de se melhorar. Todas estas discussões, debates e discussões, algumas exageradas devem lembrar-nos, sempre, de que apenas com cedências e concessões, por parte dos actores políticos e cívicos, vai ser possível erguermos um país de todos e para todos.
Angola é de todos e deve ser erguida com o esforço de cada um, independentemente das nossas diferenças. Acredito que estamos já a aprender e a caminhar, mesmo com os nossos erros, para fazermos melhor e, cada vez mais, reconciliarmos a nação angolana.
Para terminar, endereço palavras de encorajamento a todos os angolanos de Cabinda ao Cunene, que se dedicam a erguer uma pedra na construção do nosso projecto de nação.