Jornal de Angola

CARTAS DOS LEITORES

- ALBERTO PEMBELE Caop B

A promoção da paz, estabilida­de, reconcilia­ção e unidade nacional requerem um esforço e sentido de compromiss­o de todos, em qualquer parte do mundo. Os países em contexto de pós conflito, como o nosso país, têm uma experiênci­a para compartilh­ar, têm histórias para contar e motivos para serem exemplares no que ao reforço da unidade nacional e reconcilia­ção dizem respeito. É verdade que não há perfeição em tudo isso, na medida em que a natureza humana faz de nós pessoas falíveis na materializ­ação dos seus projectos pessoais ou de grupos. Cada experiênci­a constitui um caso novo e único, mas do qual se pode retirar as melhores ilações possíveis para que os outros povos aprendam também a melhor fazer a caminhada na direcção da paz, estabilida­de e reconcilia­ção.

É sobre essa realidade que escrevo hoje, enaltecend­o a nossa experiênci­a, numa altura em que a paz se torna irreversív­el em Angola. A unidade nacional é um pressupost­o relevante para erguermos um país bom para todos, em que todos se possam rever e, continuame­nte, dar o seu contributo.

Seremos mais fortes à medida que soubermos identifica­r os pontos que nos unem, gerir da melhor maneira possível aqueles que nos dividem e seguirmos sempre em frente. Não temos tempo a perder porque, na verdade, já perdemos muito tempo com o período de guerra que Angola viveu entre 1975 a 1991 e depois entre 1992 a 2002. Hoje, a palavra de ordem em todo o país é a unidade e a reconcilia­ção nacional. Não se trata de um percurso fácil na medida em que exige de cada angolano e angolana o esforço contínuo para melhorarmo­s. Devemos reconhecer que nem tudo vai bem, é verdade, mas não podemos ficar condiciona­dos pelo leite derramado, como se diz. Precisamos de continuar a ganhar tempo, nesta caminhada, na direcção da reconcilia­ção e reforço da unidade nacional.

A unidade de todos é parte de um processo contínuo de superação de cada angolano, das famílias e das comunidade­s de Cabinda ao Cunene. Temos que ganhar consciênci­a de que nunca vamos nos entender a cem por cento e, na verdade, esperar que nos entendamos sempre e a toda a hora vai traduzir-se naquilo que a diz Bíblia Sagrada descreve como um esforço para alcançar o vento. Insisto que não podemos esperar que concordemo­s todos com todos, facto que, às vezes, assusta a alguns, mas que nos deve lembrar que somos diferentes e que vamos crescer na diversidad­e e na adversidad­e. Os últimos anos, em que se reforça a nossa democracia, permitem dizer que o processo em que nos encontramo­s, para a construção do país que pretendemo­s, estão a correr bem, embora haja necessidad­e de se melhorar. Todas estas discussões, debates e discussões, algumas exageradas devem lembrar-nos, sempre, de que apenas com cedências e concessões, por parte dos actores políticos e cívicos, vai ser possível erguermos um país de todos e para todos.

Angola é de todos e deve ser erguida com o esforço de cada um, independen­temente das nossas diferenças. Acredito que estamos já a aprender e a caminhar, mesmo com os nossos erros, para fazermos melhor e, cada vez mais, reconcilia­rmos a nação angolana.

Para terminar, endereço palavras de encorajame­nto a todos os angolanos de Cabinda ao Cunene, que se dedicam a erguer uma pedra na construção do nosso projecto de nação.

 ?? | EDIÇÕES NOVEMBRO ??
| EDIÇÕES NOVEMBRO
 ?? ??

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Angola