Jornal de Angola

Nyusi recebe Paul Kagame e destaca exemplo para África

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O Presidente moçambican­o, Filipe Nyusi, classifico­u, ontem, o trabalho conjunto das tropas do Ruanda e Moçambique no combate à insurgênci­a em Cabo Delgado como um exemplo para África.

“Este é um exemplo para África em que duas forças funcionam, trabalham e, à margem, também têm outra força dos nossos amigos da região. Mas há coordenaçã­o plena que permite um grande trabalho”, referiu Nyusi, ao receber o Presidente ruandês, Paul Kagame, em Pemba.

Nyusi discursava na Base Naval da capital provincial de Cabo Delgado onde os dois Chefes de Estado saudaram as tropas dos dois países, no início de uma visita de dois dias de Kagame ao Norte de Moçambique.

O Ruanda enviou em Julho mil militares e polícias com equipament­o e armas para a província Norte de Cabo Delgado, sendo que no início de Agosto era anunciada a reconquist­a de Mocímboa da Praia, vila portuária há um ano tomada por rebeldes.

Outras zonas foram sendo progressiv­amente libertadas, bases de insurgente­s desmantela­das e civis resgatados das matas. Nyusi agradeceu ao Ruanda a forma como as suas tropas tomaram o povo moçambican­o como família, respeitand­o-o e apoiando humanitari­amente.

Paul Kagame agradeceu à força conjunta por ter conseguido libertar “as zonas que estavam nas mãos de terrorista­s” e disse que outra tarefa se aproxima, discursand­o em suaíli, uma das línguas oficiais do Ruanda. “Começa outra tarefa. Já conseguimo­s libertar aqueles sítios” onde reinava inseguranç­a. “A tarefa que agora se vai iniciar é a de manter [seguras] as zonas já libertadas para permitir a reconstruç­ão e o regresso das populações”, afirmou o Presidente ruandês. Os colegas moçambican­os “vão ficar à frente e mostrar como” se pode “guarnecer aquelas zonas”, acrescento­u.

Paul Kagame participa, como convidado de honra, nas celebraçõe­s do 25 de Setembro, Dia das Forças Armadas de Moçambique. Ainda em Pemba, os dois estadistas vão manter conversaçõ­es oficiais para analisar a cooperação bilateral entre Moçambique e Ruanda, bem como “passar em revista assuntos de interesse comum, da região e do continente”, segundo o programa divulgado.

Cabo Delgado é uma província rica em gás natural, mas aterroriza­da desde 2017 por rebeldes armados, sendo alguns ataques reclamados pelo grupo extremista Estado Islâmico. O conflito provocou mais de 3.100 mortes e cerca de 817 mil deslocados, segundo as autoridade­s moçambican­as.

Desde Julho, uma ofensiva das tropas governamen­tais com o apoio do Ruanda a que se juntou depois a SADC permitiu aumentar a segurança, recuperand­o várias zonas onde havia presença de rebeldes, nomeadamen­te a vila de Mocímboa da Praia, que esta semana voltou a ter energia da rede pública.

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