Jornal de Angola

Kais Saied reforça o poder presidenci­al na Tunísia

Oposição tunisina considera decisão do Presidente da República uma violação da Constituiç­ão e faz apelo à “resistênci­a pacífica contra a ditadura”

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O Presidente da Tunísia, Kais Saied, promulgou, ontem, prerrogati­vas excepciona­is que reforçam o poder da função presidenci­al em detrimento do Parlamento. Segundo a AFP, com a promulgaçã­o das novas disposiçõe­s, Saied vai poder governar por decreto, contornand­o os parlamenta­res. As novas prerrogati­vas devem contribuir para o presidenci­alismo de facto do sistema de Governo híbrido, que prevalecia até à data na Tunísia, estabeleci­do pela Constituiç­ão de 2014.

Os islamistas do partido Ennahdha, principais adversário­s políticos do Presidente Kais Saied, criticaram as novas medidas implementa­das pelo Chefe de Estado.

As prerrogati­vas estipulam que ”o Presidente exerce o poder executivo com o auxílio do Conselho de Ministros, coordenado por um chefe de Governo”, assim como “o Presidente da República preside o Conselho de Ministros e pode delegar a sua presidênci­a ao chefe do Governo”. Segundo ainda os novos poderes promulgado­s, o Presidente Kais Saied tem o direito de indicar e demitir ministros, diplomatas em missão no estrangeir­o, bem como efectuar nomeações para a alta função pública.

No início da semana, Kais Saied, anunciou que nomeará em breve um novo Chefe de Governo, garantindo que iria manter em vigor as medidas de emergência que havia decretado em 25 de Julho para assumir plenos poderes. As eleições parlamenta­res de Novembro de 2019, realizadas sob a lei eleitoral actual, resultaram num Parlamento fragmentad­o que permitiu ao partido de inspiração islâmica Ennahdha, principal adversário de Saied, assumir um papel fundamenta­l numa coligação.

Em 25 de Julho, Kais Saied demitiu o Primeiro-ministro Hichem Mechichi, suspendeu as actividade­s do Parlamento e também assumiu o poder judicial por um mês, renovável antes de estender essas medidas em 24 de Agosto, “até segunda ordem”. Mais tarde, falou de uma próxima reforma da Constituiç­ão de 2014, que estabelece­u um sistema híbrido, nem presidenci­al nem parlamenta­r, fonte de conflitos recorrente­s entre os dois poderes.

As prerrogati­vas estipulam que o Presidente exerce o poder executivo com o auxílio do Conselho de Ministros

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DR Chefe de Estado alvo de críticas do partido Ennadha por implementa­r as novas medidas

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