Líder opositor lança apelo à resistência pacífica
chefe do Parlamento e do partido de inspiraçãoislamitaennahdha,apelou, ontem, à “luta pacífica” contra “o poder absoluto de um só homem” após o Presidente Kais Saied ter reforçado consideravelmente os poderes.
“É um recuo. Um regresso à Constituição de 1959. O regresso ao poder absoluto de um só homem contra quem foi feita uma revolução”, declarou Ghannouchi, 80 anos, em entrevista à AFP.
“A única opção é a luta, naturalmente a luta pacífica, porque somos um movimento civil. O Ennahdha e outros partidos da sociedade civil vão bater-se para recuperar a sua Constituição e a sua democracia”, acrescentou o dirigente histórico da formação islamita moderada.
“Já apelámos ao nosso povo para se juntar a todas as acções pacíficas que combatam a ditadura e façam regressar a Tunísia à via democrática”, prosseguiu Rached Ghannouchi.
Referiu que o Ennahdha, a principal força do Parlamento, suspenso por Saied, “vai participar em toda a mobilização pacífica para que a Tunísia regresse ao caminho da democracia”.
As medidas decididas por
Saied, destinadas a fornecer um cariz presidencialista a um sistema de Governo híbrido e previsto na Constituição de 2014, suscitaram a forte oposição dos adversários, em particular o Ennahdha, num país minado nos últimos anos por divisões e crises políticas sucessivas. A opção do Presidente também reforçou as inquietações sobre a fragilidade da democracia na Tunísia, que esteve na origem da Primavera Árabe, com a revolução de 2011, e o único que garantiu uma transição democrática apesar de um cenário político profundamente fragmentado e instável.