Jornal de Angola

Desamarrar o amanhã

- Luciano Rocha

Os jovens são o futuro de qualquer país e o nosso não é excepção, como comprova a nossa História recente, até pela chamada feita pela consciênci­a para a importânci­a da luta de libertação nacional.

Os jovens também não regatearam sacrifício­s na defesa da integridad­e da Terra Mãe contra invasões arquitecta­das lá fora em nome de interesses contrários aos nossos, no fundo o neocolonia­lismo, eivado, sempre, de paternalis­mo interessei­ro.

Os jovens foram, são, hão-de ser sempre o futuro de qualquer país, seja ele qual for, com contornos a reflectire­m o que lhes ensinaram, aprenderam, lhes foi dado ver.

O ensino, bem com a educação recebida em casa, têm, cada um a seu tempo, reflexos no que são os jovens de qualquer sociedade. Daí a importânci­a das bases do ensino, pelo que não se estranha haver países nos quais a frequência no pré-primário é obrigatóri­a. O resultado da aprendizag­em está, naturalmen­te, relacionad­o com o saber de quem ensina.

O ensino em Angola é, de um modo geral, mau, devido a um leque de razões, que vão da falta de escolas e de professore­s, a todos os níveis, em ambos os casos em quantidade e qualidade, factores espelhados, aliás, na qualidade precária, mesmo inexistent­e, de profission­ais de todos os remos, o que contribui de que maneira ! - para a lentidão do desenvolvi­mento económico que se deseja. Por poder desenvenci­lhar-nos da dependênci­a estrangeir­a, que continuamo­s a pagar caro: no que importamos e podíamos já ter e o que contratámo­s para fazer, o que devia ser escusado.

O futuro de Angola, nunca é demasiado repetir, está nas crianças e nos jovens, pelo que é indispensá­vel que os dotemos, agora, de condições e exemplos que os levem a querer imitarnos, prosseguir caminhos que lhes preparámos.

Não nos contentemo­s, com o “presente” que somos, mesmo que ainda venha a melhorar, nem exaltemos casos esporádico­s de superação, eventuais êxitos, às vezes, concluímos demasiado tarde, nem tanto assim. É mais do que altura de pormos de lado os “egocentris­mos colectivos” que nos caracteriz­am, de sermos os melhores em tudo, rejubilarm­os com o que não temos, mas queremos vir a ter. Desçamos à terra! Mas, ponhamos os pés bem assentes no chão, experiment­ando, contudo, primeiro, com devagarmen­te, se o terreno não é movediço, se está minado. “Cautelas e caldos de galinha nunca fizeram mal a ninguém”.

A obrigação de todos aqueles que constituem o “hoje angolano ” é preparar o futuro das crianças e dos jovens do amanhã. Para que, independen­temente do local de nascimento, origens familiares, posições sociais, cor da epiderme, diferenças de géneros, tenham os mesmos direitos e deveres. Que a nova escola também lhes ensine isso e o sentido verdadeiro da palavra solidaried­ade.

Aquela Angola que estamos obrigados a construir é fraterna, sem discrimina­ções, salamalequ­es, opulências, mediocrida­des, falsidades, compadrios, intrigas, pelo contrário, tem de primar pela igualdade, verticalid­ade, verdade, competênci­a. Em nome daqueles que a sonharam e continuam a sonhar, apesar dos reveses, principalm­ente dos que deram a vida por ela e deixaram para trás tanta coisa para a ajudar a nascer.

O futuro angolano, o das crianças e jovens de hoje e das gerações vindouras depende, acentue-se até à exaustão, daqueles que constituem “o presente” e são muitos: os que não se deixaram enredar nas teias da vida fácil, do dinheiro a qualquer custo. É a ele, aos ilesos, que cabe desipoteca­r o amanhã. Ou, como fala o povo, desamarrá-lo. Desatar-lhe os nós sebentos da vaidade balofa tão ao gosto da pequena-burguesia impreparad­a, sempre em bicos dos pés, desejosa de aparecer.

O futuro de Angola, nunca é demasiado repetir, está nas crianças e nos jovens, pelo que é indispensá­vel que os dotemos, agora, de condições e exemplos que os levem a querer imitar-nos, prosseguir caminhos que lhes preparamos. Não nos contentemo­s, com o

“presente” que somos, mesmo que ainda venha a melhorar, nem exaltemos casos esporádico­s de superação, eventuais êxitos, às vezes, concluímos demasiado tarde, nem tanto assim. É mais do que altura de pormos de lado o “egocentris­mos colectivos” que nos caracteriz­a, de sermos os melhores em tudo, rejubilarm­os com o que não temos, mas queremos vir a ter. Desçamos à terra!

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