Partidos expressam opiniões antagónicas
No arranque de uma nova legislatura parlamentar, os principais partidos moçambicanos pronunciaram-se em relação à situação no Norte do país, assumindo posições diametralmente opostas
A Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo), partido no poder, considerou, quarta-feira, que os grupos armados que actuam na província de Cabo Delgado, região Norte, “estão a ser postos fora de combate”, saudando a presença de militares estrangeiros.
“Graças à coragem, ao cometimento e à visão do Presidente Filipe Jacinto Nyusi, os terroristas estão a ser postos fora de combate e a situação de segurança tende a melhorar de forma progressiva”, afirmou o chefe da bancada da Frelimo na Assembleia da República, Sérgio Pantie, citado pela Lusa, quando fazia o discurso inaugural da IV sessão ordinária da IX legislatura da Assembleia da República.
Segundo a Lusa, o líder da bancada do partido no poder saudou as Forças de Defesa e Segurança (FDS), a missão militar da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC) e o contingente militar do Ruanda pela restauração gradual da segurança em Cabo Delgado.
“Contrariamente a algumas vozes da nossa política e da sociedade civil, insensíveis à dor e ao sofrimento do nosso povo, a bancada parlamentar da Frelimo saúda, encoraja e revê-se na decisão do Governo de Moçambique de acolher a vinda das tropas da SADC e do Ruanda, numa altura em que as acções dos terroristas estavam a recrudescer contra as populações indefesas”, declarou. Sérgio Pantie felicitou a SADC por ter decidido alargar a sua missão militar em Cabo Delgado, assinalando que a acção dos grupos armados ainda não está totalmente neutralizada.
A Renamo, principal partido da oposição, defendeu diálogo com os grupos armados que protagonizam ataques na província de Cabo Delgado, visando o alcance de uma paz “duradoura e sustentável”.
“Apoiamos aqueles que aconselham à necessidade de se desencadear mecanismos de diálogo com os agressores visando alcançar uma paz duradoura e sustentável”, declarou o chefe da bancada da Renamo na Assembleia da República, Viana Magalhães.
Na sua intervenção, Viana Magalhães assinalou que as forças conjuntas de Moçambique, da Comunidade de Desenvolvimento da África
Austral (SADC) e do Ruanda estão a registar progressos no combate aos grupos armados na província de Cabo Delgado, mas os avanços não podem levar à desvalorização da via do diálogo para o fim da violência armada.
O chefe da bancada parlamentar da Renamo criticou, igualmente, o facto de o Governo moçambicano ter aceitado a presença de tropas estrangeiras apenas depois de os grupos armados terem atacado a vila de Palma, perto dos projectos de exploração de gás natural.
Por sua vez, o MDM, terceiro partido do Parlamento, exigiu que o Presidente da República, Filipe Nyusi, explique ao país o seu eventual envolvimento no caso das dívidas ocultas.
“É preciso explicar até onde se situou o seu eventual envolvimento nesta secreta operação que endividou o país e o povo”, afirmou o chefe da bancada do MDM na Assembleia da República (AR), Lutero Simango. Aquele líder parlamentar aludiu ao nome de Filipe Nyusi na sequência de várias referências feitas durante o julgamento das dívidas ocultas.