Partilha de vacinas é ainda insuficiente
A partilha de vacinas contra a Covid-19 “ainda é insuficiente”, considerou o Chefe de Estado português, Marcelo Rebelo de Sousa, acrescentando que a União Europeia e Portugal querem acelerar o processo.
Marcelo Rebelo de Sousa assumiu esta posição numa conversa com o Presidente João Lourenço, por videoconferência, transmitida, ontem, na quarta edição do Fórum Euro-áfrica.
“Eu devo dizer que este esforço internacional, quer da comunidade internacional como um todo, correspondendo ao apelo do Secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, quer na União Europeia, ainda é insuficiente. A Covax tem feito muito em termos de objectivos, mas a concretização tem sido insuficiente. No caso africano é patente isso, mas é à escala global”, considerou o Presidente português.
Perante o homólogo angolano, Marcelo Rebelo de Sousa acrescentou: “No que respeita à União Europeia, a ideia é acelerar o processo. E, no caso português, continuar a acelerá-lo no futuro próximo”.
“Tudo o que seja apelar na comunidade mundial e na União Europeia a maior solidariedade, a maior rapidez, a maior eficácia é muito importante, porque todos dependemos de todos”, defendeu.
Marcelo Rebelo de Sousa apontou as vacinas como “a solução possível para o controlo da pandemia” da Covid-19: “Não há outras soluções para já. Esta tem sido a solução”.
Acrescentou que “onde há uma cobertura massiva de vacinação isso nota-se na vida das sociedades”. “Não resolve o problema como uma varinha mágica de um momento para o outro, mas dá uma ajuda decisiva à resolução”, assinalou.
“Não podemos ter recaídas”
Marcelo Rebelo de Sousa referiu que “boa parte do mundo está em pandemia” ainda, o que atrasa a recuperação económica. Defendeu que Portugal tem de “superar bem” esta crise, sem “ter recaídas”, que “seriam fatais”.
“Se tudo correr bem, daqui a um ano ou menos de um ano estaremos a discutir cada vez mais o póspandemia. E é esse o grande desafio de quem está a participar neste fórum hoje: não se esquecer de que é preciso superar bem a pandemia, não podemos ter recaídas”, afirmou.
“Não podemos ter recaídas, seriam fatais”, reforçou.
O Chefe de Estado português considerou que “não se pode perder tempo” na recuperação económica e social e que essa “é uma das lições da pandemia” da Covid-19.
“Para recuperarmos e darmos um salto qualitativo, na transição da energia, na transição do digital, nas formas de financiamento do futuro económico a curto prazo, em novos estatutos e novas formas de investimento – e aí a imaginação dos empresários, da sociedade civil é crucial – não se pode perder tempo”, disse.
No início da conversa com o Presidente João Lourenço, Marcelo Rebelo de Sousa assinalou que “boa parte do mundo ainda está em pandemia”, o que apontou como “uma questão prévia fundamental quando se fala de desenvolvimento económico, desenvolvimento social”, que “muitas vezes se não compreende, sobretudo na Europa”.
“Em muitos países europeus, nomeadamente do Leste europeu, em muitos países africanos, asiáticos, americanos, nomeadamente latinoamericanos, a pandemia existe. Existe e condiciona o arranque económico, o arranque social”, referiu.