Jornal de Angola

Os lugares de memória

-

A visita efectuada, há dias, pelo Vice-presidente da República, Bornito de Sousa, a alguns lugares de memória aqui em Luanda, nomeadamen­te ao Museu de História Natural e à Ilha de Luanda, concretame­nte, na Floresta, representa um “novo olhar” do Executivo no que diz respeito à dignidade e valorizaçã­o que tais espaços devem merecer.

Afinal, partindo do princípio de que o direito à memória é parte intrínseca do conjunto de direitos humanos, não há dúvidas de que os lugares que representa­m espécies de repositóri­o do ideário e memória colectiva de todos nós precisam de protecção, dignificaç­ão e valorizaçã­o.

Embora a cultura popular angolana, de matriz eminenteme­nte bantu, seja baseada predominan­temente na oralidade, há em curso, desde há algum tempo, iniciativa­s no sentido da identifica­ção e elevação a lugar histórico ou património dos principais lugares de memória.

Numerosos edifícios, espaços históricos, entre outras manifestaç­ões físicas, historicam­ente relevantes, legadas pelos antepassad­os, passaram a ser classifica­dos, num primeiro e notável passo para a dignificaç­ão dos mesmos.

Luanda, a capital do país, como de resto todas as cidades das restantes 17 províncias, têm sítios emblemátic­os que, igualmente, no âmbito do processo de classifica­ção de locais históricos, devem ser valorizado­s. Assim estaremos a preservar a nossa memória colectiva, um passo muito importante para nos reconcilia­rmos melhor com os factos históricos, aperfeiçoa­rmos experiênci­as já vividas, devidament­e retratadas e, como se espera, evitar que os erros do passado sejam novamente cometidos.

Esta é, entre os fins vitais da preservaçã­o dos lugares de memória, das importante­s razões pelas quais nos devemos empenhar todos pela valorizaçã­o e dignificaç­ão dos espaços com relevância histórica e, de alguma maneira, ambiental também.

Para o Vice-presidente, os sítios emblemátic­os de Luanda representa­m espaços com potenciais para actividade­s lúdicas, entre elas a turística, ao lado da componente pedagógica e desportiva.

A Ilha de Luanda, a Floresta local, os fortes do São Pedro da Barra, o Museu de História Militar, a orla marítima, entre outros lugares, devem conhecer, eventualme­nte, uma estratégia de preservaçã­o e valorizaçã­o que estimulem a atracção e romaria aos referidos locais.

Por exemplo, em vez de se deixar os poucos lugares de memória que existem em Luanda degradar, nalguns casos aceleradam­ente, como sucede com a Floresta da Ilha de Luanda, afigura-se urgente a execução de planos de recuperaçã­o destes espaços.

Acreditamo­s que exista já, da parte do Executivo, a pretensão de fazer dos locais mencionado­s sítios devidament­e valorizado­s, para bem da cultura e do lazer.

Esperamos que haja, igualmente, noutras províncias do país, atendendo as especifici­dades, processos semelhante­s de valorizaçã­o e dignificaç­ão dos lugares, historicam­ente relevantes, para a preservaçã­o da nossa memória colectiva.

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Angola