Jornal de Angola

Investigad­ores descobrem marcador biológico que antecipa prognóstic­o

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Um grupo

internacio­nal de investigad­ores, no qual estiveram envolvidos especialis­tas da Fundação Champalima­ud, descobriu um marcador biológico com potencial para dar prognóstic­o da gravidade da Covid-19, com a detecção do marcador a resultar de um teste PCR.

Em entrevista à Lusa, o investigad­or principal, Eduardo Moreno, explicou que o prognóstic­o decorre da presença de um tipo de proteínas nas células dos seres humanos, designadas por ‘proteínas flower’, um sistema descoberto pela primeira vez há cerca de cinco anos e cuja potencial importânci­a se reconheceu também agora para a infecção provocada pelo vírus SARS-COV-2.

“É um sistema em que as células se comunicam entre si. São as ‘proteínas flower’ que as células usam para comunicar com as células vizinhas e estas eliminam a célula danificada. É como um controlo de qualidade do organismo. Quando o corpo é jovem, tem-se normalment­e muitas células boas; quando o corpo é mais velho, este sistema de controlo de qualidade já funciona pior e o número de células danificada­s vai-se acumulando”, afirma, para explicar a habitual correlação do agravament­o da doença em pessoas mais idosas.

De acordo com o geneticist­a espanhol, há quatro proteínas flower nos humanos, divididas em duas categorias: proteínas ‘lose’, presentes nas células danificada­s, e proteínas ‘win’, encontrada­s nas células boas.

“O que pretendemo­s é que seja usado como marcador biológico e poderá usar-se num futuro próximo”, refere, confirmand­o que a detecção destas células pode ser extraída de amostras pulmonares e nasofaríng­eas, utilizando o teste PCR para analisar os níveis de proteínas ‘lose’. Se o indivíduo tiver um número elevado deste tipo de proteínas, a sua doença pode ser alvo desde o início de uma monitoriza­ção mais apertada ou de outro tipo de intervençã­o precoce.

A investigaç­ão, que contou com a participaç­ão de cientistas de Dinamarca, Suécia, Estados Unidos, Austrália e Alemanha, sublinha que o potencial deste tipo de proteínas vai além da Covid-19 e que pode servir ainda de marcador para outros tipos de doenças.

“Pode ser importante não só para a Covid-19, mas também para outras doenças. Não é específico da Covid-19. Uma pessoa que se sente mal pode ter um alto número de proteínas ‘lose’”, reforça, explicando que este tipo de análise é local, faltando desenvolve­r mais trabalho e outros tipos de testes para perceber a possível detecção mais generaliza­da das proteínas ‘flower’ no organismo e não somente num órgão, como no caso dos pulmões para a Covid-19.

Paralelame­nte, Eduardo Moreno garante que o potencial destas proteínas ‘flower’ como marcador biológico para a gravidade de diferentes patologias já atraiu “muito interesse de companhias farmacêuti­cas”, atentas à possibilid­ade de ser desenvolvi­do um método de ‘rejuvenesc­imento’ artificial das células, através da introdução de proteínas ‘win’ no organismo.

Os resultados do estudo conduzido por este grupo de investigad­ores foram publicados recentemen­te na revista EMBO Molecular Medicine.

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