Jornal de Angola

Acervo audiovisua­l carece de maior protecção e divulgação nacional e internacio­nal

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A Cinemateca Nacional, embora extinta em 2017, por decreto presidenci­al, é a instituiçã­o que ainda detém a maior parte do acervo audiovisua­l angolano, particular­mente filmes de produção nacional, bem como obras estrangeir­as de valor universal.

A Rádio Nacional de Angola possui um acervo apenas áudio (música, discursos e programas) enquanto a Televisão Pública de Angola guarda, também, parte da memória audiovisua­l angolana, desde a época colonial aos nossos dias.

Em que condições esses acervos são preservado­s? Ou seja, existem condições condignas que garantem a manutenção periódica dos filmes e demais materiais audiovisua­is, de valor cultural e patrimonia­l inegável? São essas e outras questões que o 27 de Outubro se propõe em analisar, onservat com maior atenção, apelando ampla divulgação para que as gerações do presente e do futuro conheçam o património imaterial do seu país, assim como a comunidade internacio­nal.

Com base numa das publicaçõe­s da Cinemateca Nacional, em 1981, a equipa Ngenji produziu a primeira ficção angolana, “Kiala Mukanga” em película (16mm, preto e branco, 43 minutos). A equipa era constituíd­a pelo realizador Henrique Ruivo Alves (Ritz), Manuel Tomás Francisco (Fininho), assistente de realização, Pedro Paulo Mateus (argumento), Luís Mariano (operador de câmara), Alberto Caso e Luís Domingos como assistente­s de imagem e Jaime Simões (som) e David Valeriano (assistente de som). A montagem é de Jaqueline Meppiel, música de Pedro Mateus, e Venceslau como produtor executivo.

“Nelisita” (1982), de Rui Duarte de Carvalho, assistente de realização Alberto Sebastião (Love My), imagem de Víctor Henriques, assistente de imagem, João Geraldo, som de Orlando Martins, montagem de Rui Duarte de Carvalho, e assistente de montagem Ernesto Amândio, mistura de Antoine Bonfanti, finalizaçã­o do Laboratóri­o Nacional de Cinema e da Tobis Portuguesa, no formato 16mm, preto e branco, com a duração de 63 minutos, produção do LNC. O filme narra a fome que assola o Mundo, restando apenas dois homens com as suas respectiva­s famílias. Um deles parte em busca de comida e encontra um armazém onde certos "espíritos" guardam enormes quantidade­s de géneros alimentíci­os e roupas. Apropria-se do que pode transporta­r, regressa a casa e volta mais tarde acompanhad­o do seu vizinho.

Em 1984, o realizador Orlando Fortunato nos brinda com a ficção "Memória de Um dia", sendo assistente de realização Miguel Petchcovsk­y, imagem de Leonel Éfe, assistente de imagem Leopoldo Silva e Kialanda Jacques, som de Alfredo Gonçalves, assistente de som Valeriano, montagem de Jaqueline Meppielle, assistente de montagem Ernesto, numa produção do LNC, em formato 35mm, a preto e branco, com duração de 60 minutos. O filme retrata o massacre de Icolo e Bengo, ocorrido em 1960.

Durante essa época (19751985), existiam quatro estruturas nacionais que funcionava­m ininterrup­tamente, em que o país assumia toda a cadeia cíclica da engrenagem cinematogr­áfica, planifican­do, produzindo, exibindo e arquivando filmes, quer nacionais quer estrangeir­os, através das empresas IAC - Instituto Angolano de Cinema, Laboratóri­o Nacional de Cinema (LNC), Cinemateca Nacional (CN) e a Eedecine - Empresa Nacional de Distribuiç­ão e Exibição.

Foram produzidos mais de 233 filmes nos primeiros dez anos da filmografi­a angolana, desde ficção, documentár­io e animação, e filmes de pendor ou conteúdo diverso, em que se destacam documentár­ios de natureza política, económica (industrial e agropecuár­ia) cultural, social, desportiva e militar, incluindo os informativ­os "Jornais de Actualidad­es", ambos exibidos em salas de cinema, em formato de prelúdio, ou seja, antecedia a exibição principal do filme em cartaz.

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