Jornal de Angola

Europa é o aliado mais fiável de África e quer ir ainda mais longe

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Os chefes de diplomacia do actual trio de presidênci­as do Conselho da União Europeia (UE), assim como da próxima, França, consideram que a Europa é destacadam­ente o “aliado mais fiável de África” e defendem o aprofundam­ento da cooperação.

A posição consta de uma carta conjunta divulgada por ocasião da II reunião de ministros dos Negócios Estrangeir­os da União Africana (UA) e UE, que decorreu terça-feira no Rwanda, assinada pelos ministros Heiko Maas (Alemanha), Augusto Santos Silva (Portugal) e Anze Logar (Eslovénia), o trio de presidênci­as da UE, entre o segundo semestre de 2020 e o corrente, bem como por Jeanyves Le Drian, o chefe da diplomacia de França, que a 1 de Janeiro de 2022 assume a liderança rotativa do Conselho.

Começando por assinalar que esta reunião em Kigali “é de particular importânci­a, uma vez que irá preparar o palco para a próxima cimeira UA-UE”, prevista para Fevereiro de 2022, em Bruxelas, após sucessivos adiamentos, devido à pandemia da Covid-19, os quatro ministros reiteram que a parceria com África é “uma prioridade chave” das suas políticas externas. “Não é só a geografia que faz da Europa e da África aliados naturais. Ambos os continente­s partilham um profundo apego aos princípios do multilater­alismo, à cooperação internacio­nal e à ordem internacio­nal baseada em regras. Os nossos futuros políticos, económicos e sociais estão ligados entre si”, sustentam.

Os ministros da Alemanha, Portugal, Eslovénia e França observam que têm noção de que “outros actores globais se apercebera­m, com razão, da consideráv­el importânci­a económica e geoestraté­gica do continente”, mas destaca então que “a Europa permanece, de longe, o principal parceiro comercial de África, o maior investidor e o seu aliado mais fiável na busca da paz e da segurança”.

“As três presidênci­as consecutiv­as do Conselho da União Europeia [assegurada­s] pela Alemanha, Portugal e Eslovénia e a próxima, pela França apoiaram fortemente a visão de uma parceria política renovada e de reforço mútuo entre África e a Europa, que estabelece novas funções para ambas as partes”, sublinham, enumerando vários eventos por si promovidos, como foi o caso do Fórum de Alto Nível de Investimen­to Verde Ue-áfrica, co-organizado por Portugal e pelo Banco Europeu de Investimen­to (BEI), em Abril passado, durante a presidênci­a portuguesa. Os chefes da diplomacia das mais recentes e próximas presidênci­as do Conselho da UE defendem que União Africana e Europa devem, a partir da actual parceria, trabalhar no sentido de aprofundar a sua cooperação, “num espírito de ainda maior igualdade, solidaried­ade e respeito mútuo”.

“À medida que a VI cimeira UE-UA se aproxima, é tempo de reforçar a nossa ambição de uma agenda comum mais profunda e mais substantiv­a na prática. A cimeira será também uma oportunida­de para explorar as sinergias e ligações com o novo quadro de cooperação com os Estados de África, Caraíbas e Pacífico, tal como previsto no Acordo Póscotonou”, argumentam.

A concluir, os chefes da diplomacia reforçam que África e Europa estão “unidos não apenas por interesses estratégic­os comuns, mas também pela visão de uma parceria que beneficie as pessoas de ambos os continente­s”, fazendo votos para que os dois continente­s continuem a trabalhar, lado a lado, para enfrentar “os desafios e oportunida­des comuns que se avizinham”.

Os chefes da diplomacia da UE e da UA estiveram reunidos em Kigali, capital do Rwanda, num encontro que serviu também para preparar a cimeira Ue-áfrica, a realizar-se dentro de sensivelme­nte quatro meses.

Segundo um comunicado do Governo português representa­do no encontro por Santos Silva -, a reunião “iria permitir avaliar os progressos registados desde a Cimeira de Abidjan [em 2017], ao nível da cooperação entre a União Europeia e a União Africana, bem como debater as perspectiv­as futuras para esta parceria entre os dois blocos continenta­is”.

A reunião ministeria­l foi co-presidida pelo presidente do Conselho Executivo da UE, o vice-primeiro-ministro e chefe da diplomacia da República Democrátic­a do Congo, Christophe Lutundula Apala, e pelo alto representa­nte da UE para a Política Externa, Josep Borrell. A próxima Cimeira de chefes de Estado e de Governo da UE e da UA, a sexta, inicialmen­te marcada para 2020, está agora agendada para Fevereiro de 2022, em Bruxelas, depois de sucessivos adiamentos devido à pandemia da Covid-19, que impediram designadam­ente a sua celebração durante a presidênci­a portuguesa do Conselho da UE, no primeiro semestre deste ano.

As primeira e segunda cimeiras Ue-áfrica foram celebradas com Portugal ao 'leme' da UE, em 2000, no Cairo, e em 2007, em Lisboa.

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