A relação com a ONU
"O fortalecimento da relação da ONU com Angola pode fazer a diferença na região dos Grandes Lagos", disse há dias, em Luanda, o subsecretáriogeral adjunto da Organização das Nações Unidas (ONU) para as Operações de Paz, pouco depois de ter sido recebido pelo ministro das Relações Exteriores, Téte António.
A presença de Jean Pierre Lacroix, que se encontra em Luanda para, com as autoridades angolanas, avaliar os aspectos relacionados com a paz e segurança, lembra a relevância que a ONU proporciona aos assuntos que digam respeito àqueles dois itens, nas suas variadas dimensões.
A participação dos Estados-membros nas operações de manutenção de paz e, em particular o papel e a contribuição especial de Angola neste esforço, também mereceram a oportuna abordagem no quadro das conversações que o alto funcionário da ONU manteve com as autoridades angolanas.
É salutar quando o nosso país é visto e encarado como actor com relevância no âmbito do papel que se espera, modestamente emprestado por Angola, para que países como a RDC e a RCA, sobretudo estes dois Estados-membros da Conferência Internacional sobre a Região dos Grandes Lagos (CIRGL), tenham paz e estabilidade.
Na verdade, os angolanos encaram o problema da paz e segurança naqueles dois países como o prolongamento de uma situação que também afecta o seu país, bem como a toda a região.
Se o espectro de instabilidade e conflitualidade militar acentuar-se naqueles dois países, obviamente que, além de se complicarem os esforços regionais para lidar com a situação, agravam-se também a componente humanitária, a insegurança fronteiriça, a "exportação de problemas", entre outras situações menos boas.
Como disse Jean Pierre Lacroix, referindo-se ao papel que os Estados e as pessoas em todo o mundo têm de se engajar para que os povos vivam em segurança, "a paz no mundo depende da contribuição de todos".
Se por um lado e como reconheceu em tempos o secretário-geral da ONU, a organização mundial não tem meios e homens para o processo de "imposição da paz" ali onde seja necessário e urgente, não há dúvidas de que para as outras vertentes ela pode sempre contar com os seus membros.
Por outro lado, é expectável que os Estados-membros da ONU estejam preparados e disponíveis para os esforços da manutenção, construção e promoção da paz em todo o mundo porque são pressupostos insubstituíveis para a tranquilidade e bem-estar da população mundial.
Na sub-região em que se insere Angola, os esforços de paz na RCA, em que os Estados da CIRGL tudo fazem para o levantamento das sanções, o principal cavalo de batalha continua a ser o levantamento do embargo de armas.
Seguramente, as autoridades angolanas terão aproveitado a presença do alto funcionário da ONU para lhe reforçar a urgência de se levantar o referido embargo.