União Africana anuncia a suspensão do Sudão
A União Africana (UA) anunciou, quarta-feira à noite, a suspensão do Sudão de todas as actividades da organização “até ao restabelecimento efectivo da Autoridade Transitória liderada pelos civis”, dissolvida na segunda-feira após um golpe de Estado liderado pelos militares.
Segundo a Efe, a organização pan-africana divulgou uma declaração em que “condena firmemente a tomada do poder pelo Exército sudanês e a dissolução do Governo de Transição, e rejeita totalmente a mudança inconstitucional de Governo”, descrita no texto como “inaceitável” e “uma afronta aos valores partilhados e às normas democráticas da UA”.
A UA “congratula-se com a libertação do Primeiroministro”, Abdallah Hamdock, preso na segunda-feira de manhã pelos militares e libertado na terça-feira à noite, e “apela à libertação total e incondicional de todos os detidos, incluindo ministros e outros funcionários civis”.
A organização anuncia ainda o envio de uma “missão ao Sudão para dialogar com todas as partes, com vista a encontrar uma solução amigável para o actual impasse político”. Estas decisões foram tomadas numa reunião do Conselho de Paz e Segurança, o órgão responsável pelos conflitos e questões de segurança no seio da UA.
O general Abdel Fattah alburhan, chefe das Forças Armadas sudanesas, anunciou, na segunda-feira, na televisão estatal a dissolução do Governo e do Conselho Soberano - o mais alto órgão executivo do país -, a suspensão de vários pontos da carta constitucional aprovada em Agosto de 2019 e que estabelece um roteiro para a realização de eleições, e a instauração do estado de emergência.
A tomada de poder pelos militares foi amplamente condenada pela comunidade internacional. A União Africana suspendeu o Sudão dos seus corpos em Junho de 2019, após a queda de Omar al-bashir, em Abril desse ano, e voltou a reintegrá-lo três meses depois, quando Abdallah Hamdock anunciou a formação do novo Governo de transição.
A Organização Não-governamental Internacional Crisis Group defendeu, na terça-feira, que uma mediação liderada pela UA “pode ser necessária para intermediar um novo diálogo entre os representantes militares e civis”. As conversações teriam como objectivo reparar as relações muito degradadas entre os braços civil e militar do Governo de transição.