Jornal de Angola

Justificaç­ão de Blaise Campaoré

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do início do interrogat­ório, o tribunal ouviu ficheiros áudio e visionou vídeos datados de 1987, nos quais Blaise Compaoré justifica os acontecime­ntos de 15 de Outubro, resultante­s, segundo o ex-presidente burquinabe, de “diferenças fundamenta­is que surgiram ao longo de um ano sobre questões operaciona­is do processo revolucion­ário”. Num dos ficheiros, Compaoré, que tinha participad­o no golpe de Estado de 1983 que levou Thomas Sankara ao poder, apresenta o companheir­o de armas como um “traidor da revolução que exercia um poder autocrátic­o” e “pessoal”.

“Os outros camaradas tinham decidido demití-lo” ou forçá-lo a “demitir-se”, terá acrescenta­do Compaoré, justifican­do a “necessidad­e de uma rectificaç­ão”.

“Braço direito” de Sankara, Blaise Compaoré sempre negou ter sido o mandatário do massacre. Doze dos 14 acusados estão presentes no julgamento, incluindo o general Gilbert

Diendere, 61 anos, um dos principais líderes do Exército durante o golpe de 1987, e chefe da segurança de Compaoré durante a sua Presidênci­a.

Compaoré manteve-se no poder até 31 de Outubro de 2014, ano em que foi deposto por uma revolta popular quando tentava alterar a Constituiç­ão do país e garantir a perpetuaçã­o no poder. Vive desde então na Costa do Marfim, onde obteve a cidadania, que lhe garante agora não ser extraditad­o para ser julgado no Burkina Faso, por uma “entidade judicial de excepção”, como sublinhara­m os advogados antes do início do julgamento.

“O Presidente Blaise Compaoré não comparecer­á - assim como nós também não - no julgamento político organizado contra ele pelo tribunal militar de Ouagadougo­u, ou seja, uma entidade judicial de excepção”, anunciaram os advogados franceses e burquinabe­s de Compaoré, numa declaração.

As circunstân­cias da morte de Sankara foram mantidas em total segredo durante o período em que Blaise Compaoré esteve no poder e isso, só por si, faz aumentar as suspeitas de que ele possa, de alguma forma, ter estado envolvido ou ter tido conhecimen­to. Até que ponto foi cúmplice ou participou no assassinat­o, tem que ser estabeleci­do.

Naterça-feira,otribunald­eferiu um pedido dos advogados de defesa, a solicitar a libertação dos arguidos que tinham sido detidos dois dias antes da abertura do julgamento. Onze deles irão beneficiar desta libertação provisória. Apenas o general Diendéré permanecer­á detido, porque está a cumprir uma pena de 20 anos de prisão por tentativa de golpe de Estado em 2015. Thomas Sankara, que chegou ao poder num golpe de Estado em 1983, foi morto com 12 dos seus companheir­os por um comando durante uma reunião na sede do Conselho Nacional da Revolução (CNR), em Ouagadougo­u. Tinha 37 anos.

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