A sinistralidade rodoviária
Segundo o Relatório sobre a Segurança Pública no país, apresentado pela Direcção de Comunicação Institucional e Imprensa da Polícia Nacional, Angola registou, na última semana, 50 mortos e 224 feridos em consequência de 250 acidentes de viação, mais dez que no período anterior.
A sinistralidade rodoviária continua a ser uma marca fatal na vida das famílias angolanas, ao ponto de disputar com a malária as estatísticas mais sombrias da sociedade angolana. Não estamos a falar de uma realidade irreparável, de um fenómeno incontornável ou ocorrência que esteja completamente fora do controlo do ser humano de o reduzir ou mesmo eliminar.
Os acidentes de viação são passíveis de contenção e de eliminação se podermos combinar numerosos factores, acompanhados da vigorosa observância do Código de Estrada, da devida responsabilização dos prevaricadores, preferencialmente sempre precedida de campanhas de sensibilização, iniciativas de educação rodoviária, entre outros.
Precisamos de transformar os nossos agregados familiares, as igrejas, as escolas, os locais de trabalho, os mercados, bem como os outros locais de concentração de pessoas, como paragens dos autocarros públicos, como plataforma através da qual podemos maximizar a compreensão da actual situação relacionada com os acidentes de viação.
Já desde há algum tempo que a sinistralidade rodoviária concorre em segundo lugar, perdendo apenas para a malária, como uma das causas de morte em Angola, uma situação que urge reparar. Se relativamente à primeira causa pouco se pode fazer para minimizar ou erradicá-la por completo, do ponto de vista das variáveis actuais para a combater, já a segunda, que é o cerne da abordagem aqui, está completamente ao alcance de todos.
Independentemente das nossas estradas, eventualmente da condição técnica das nossas viaturas, da exiguidade de iluminação pública na maioria das nossas vias, de Cabinda ao Cunene, não há dúvidas de que o factor humano continua a jogar um papel preponderante no crescimento das estatísticas.
A forma de condução, na maioria se não mesmo em todas as circunstâncias, é que tem criado os números com os quais a sociedade é confrontada que, como se sabe, enluta as famílias, sobrecarrega o Estado e causa numerosos prejuízos ao país.
Além das fatalidades, que são e constituem em si mesmas perdas irreparáveis para todos, as famílias, as empresas e o Estado confrontamse, depois, com pessoas viúvas, orfãs e as que acabam inválidas como consequência dos acidentes.
Vale a pena investirmos nas famílias, igrejas, escolas, empresas e outros locais de concentração populacional, para que estes locais, enquanto pontos de partida e chegada dos que se fazem à estrada, sejam também locais de aconselhamento, de sensibilização e se possível de repreensão.