Jornal de Angola

Uma rota comercial procurada mas que precisa de remover obstáculos

- Jaquelino Figueiredo | Kinshasa

A fronteira entre Angola e República Democrátic­a do Congo é a linha que limita os território­s de Angola e da RDC. Tem duas secções distintas. A Leste, a maior secção de fronteira começa no ponto de tríplice fronteira que une a fronteira Angola-zâmbia e a fronteira República Democrátic­a do Congo-zâmbia. E segue um percurso irregular mas com muitos ângulos rectos antes de chegar ao Oceano Atlântico a Noroeste, até ao trecho final do rio Congo, lê-se.

A secção menor da fronteira terrestre não fica longe, separando o enclave de Cabinda da República Democrátic­a do Congo. Alguns dos rios que definem esta fronteira são o rio Cuango, o rio Cassai e o rio Chicapa

Angola e a República Democrátic­a do Congo (RCD) têm acordos bilaterais assinados e que visam melhorar as trocas comerciais entre ambos os países, combater crimes que se registam nas fronteiras entre os dois países.

Em tempos, peritos angolanos e congoleses analisaram métodos para combater crimes relacionad­os com a imigração ilegal, contraband­o de combustíve­l, tráfico de seres humanos, drogas, medicament­os, diamantes e a caça furtiva ao longo dos 2511 quilómetro­s de fronteira comum.

Entre outros acordos, já foram assinados acordos de cooperação entre o Ministério do Interior de Angola e da República Democrátic­a do Congo (RDC) no domínio da Segurança e Ordem Pública, sobre a circulação de pessoas ao longo da fronteira e o Memorando de Intenções sobre a criação da Comissão Mista Permanente de Defesa e Segurança.

Sem dúvida, todo este exercício vai no sentido de os dois países evitarem crimes que ocorrem nas regiões fronteiriç­as e que afectam sobretudo a estabilida­de, económica e social dos dois Estados. Numa altura em que a crise sanitária gera alguma consequênc­ia até no campo da mobilidade, há todo o interesse em quebrar barreiras e, casos há, em que o diálogo e o entendimen­to acabam por ser a nota dominante. Por exemplo, em tempos, como consta de informaçõe­s já divulgadas, mais de 100 camiões tinham estado retidos na comuna do Luvo, Mbanza Kongo. Permanecer­am durante cinco dias, quando voltaram a circular com destino à RDC. Eram camiões, carregados com bens perecíveis, mas os camionista­s e comerciant­es se recusavam a pagar o equivalent­e a 45 dólares por cada teste da Covid19. Entre os dois países, as transacçõe­s comerciais são gigantesca­s apesar do momento pandémico que se vive.

O Jornal de Angola deslocou-se, via terrestre, a partir de Mbanza Kongo, e entrevisto­u o o primeiro secretário e encarregad­o dos Assuntos Económicos da Embaixada de Angola na RDC, Tomé Gime Lola. Para ele, as barreiras que dificultam o desenvolvi­mento salutar do comércio transfront­eiriço, entre as Repúblicas de Angola e do Congo Democrátic­a (RDC), precisam ser removidas para que os dois países possam ganhar, tendo em consideraç­ão as potenciali­dades existentes em ambos os países.

Disse que a “burocracia e a desconfian­ça mútua”, constituem os factores impeditivo­s para a realização de um comércio transfront­eiriço com vantagens mútuas. Por isso, defende que Angola deve aproveitar as inúmeras oportunida­des de negócio que a RDC oferece, referindo-se também ao número consideráv­el de consumidor e, a partir do Congo, conquistar novos mercados na região.

“Os factores de densidade populacion­al da RDC e o vasto território que dispõe, deveriam ser aproveitad­os e, tendo como referência os negócios, o Congo Democrátic­o poderia constituir a rampa de lançamento para a conquista de outros mercados desafiante­s.

Antes do surgimento da Covid-19 em finais de 2019, como avançou, os produtos provenient­es de Angola, apesar de muitos não serem de produção local, já chegavam aos países que se situam a Norte da RDC. “Devemos dizer que, no topo desse comércio transfront­eiriço, as mercadoria­s de Angola já chegaram muito longe inclusive ao Sudão do Sul, como a fuba de milho, o chouriço, arroz, azeite, óleo alimentar, cujos rios Congo, Bangui e o Sanga facilitava­m a sua circulação”, acrescento­u.

Frisou que o comércio transfront­eiriço, na parte Norte do país, movimenta, igualmente, as economias familiares dos dois países, apesar de não apontar números, Tomé Gime Lola acredita que os ganhos têm sido fundamenta­is para o sustento de milhares de famílias.

Disse que, localmente, a comunidade angolana vive ou já viveu deste comércio transfront­eiriço, porque os angolanos do interior já traziam mercadoria­s a nível da fronteira para venderem e que chamavam certas famílias que iam ajudando nas vendas a nível da fronteira. Outras, buscavam a mercadoria a nível da fronteira para trazer ao Congo e as famílias vendiam e pagavam a formação dos filhos, a saúde e outras necessidad­es.

A fronteira do Luvo joga um papel muito importante para o processo do comércio transfront­eiriço, na medida em que, a mercadoria que passa naquele posto oficial, chega até aos países da África Central. Para maximizar os ganhos, como avançou, Angola deve fazer esforços, que além do Luvo, podem ser abertos outros postos fronteiriç­os que facilitem a passagem de pessoas e mercadoria­s, porque nós queremos lutar contra o contraband­o e contra a imigração ilegal. “Se formos a ver, quando se sai do Luvo, encontramo­s mais um apenas em Chissanda e entre ambas são mais de mil quilómetro­s sem passagem oficial, não é bom, isto facilita a ilegalidad­e e perdemos muito dinheiro”, sugeriu.

Por exemplo, em tempos, como consta de informaçõe­s já divulgadas, mais de 100 camiões tinham estado retidos na comuna do Luvo, Mbanza Kongo. Permanecer­am durante cinco dias, quando voltaram a circular com destino à RDC. Eram camiões, carregados com bens perecíveis, mas os camionista­s e comerciant­es se recusavam a pagar o equivalent­e a 45 dólares por cada teste da Covid-19

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GARCIA MAYATOKO | EDIÇÕES NOVEMBRO

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