Jornal de Angola

Retirada dos rebeldes marca esperança de paz

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A Frente Popular de Libertação do Tigray (TPLF) garantiu, recentemen­te, numa carta enviada ao Secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, que a retirada das suas tropas das regiões de Afar e de Amhara visava preparar caminhos para a cessação das hostilidad­es e abrir espaço para as conversaçõ­es de paz.

No entanto, o Governo do Primeiro-ministro da Etiópia, Abiy Ahmed, minimizou o anúncio da retirada, que considera um truque da TPLF para encobrir a derrota esmagadora por parte do Exército nacional. O Governo etíope afirmou, numa declaração divulgada na rede social “Twitter”, que as suas forças não farão mais avanços na região de Tigray. Mas advertiu que a decisão poderá ser anulada se “a soberania territoria­l” for ameaçada.

O analista Murithi Mutiga, do Internatio­nal Crisis Group, classifica a retirada da TPLF como “uma réstia de esperança” para o eventual fim da guerra civil, que assola a Etiópia há mais de 13 meses.

Mas os obstáculos para uma paz definitiva são ainda muitos, lembra Mutiga, devido à profunda desconfian­ça entre as partes em conflito.

O analista entende ainda que qualquer negociação da paz exige muitas cautelas por parte das autoridade­s etíopes para não provocar atritos com os aliados mais próximos, os Amhara, o segundo maior grupo étnico da Etiópia. A região de Tigray e a região de Amhara, que faz fronteira com Tigray a Sul, estão envolvidas há décadas numa disputa por terra. Para cada um destes aliados, qualquer tentativa de negociação com o TPLF pode ser considerad­a uma traição.

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