Jornal de Angola

Enchentes e longas horas de espera nas paragens de Caxito

- Alfredo Ferreira | Bengo

Para acabar com os empurrões nas paragens de autocarros, Aquino André e colegas davam o “litro”. Organizava­m as longas filas de pessoas que se formavam em vários pontos da cidade de Caxito, todas ávidas para ver chegar o ano novo junto de familiares e amigos.

“Nas paragens, cada pessoa deve conhecer o seu lugar na fila, para que não haja confusão no momento de subir nos autocarros”, disse o colaborado­r da Associação Nova Aliança dos Taxistas de Angola (ANATA), que começa a trabalhar às 5h00 da manhã.

Às 9h00, numa das paragens do centro da cidade de Caxito, Linda Domingos, de 25 anos, aguardava impaciente pelo “machimbomb­o”. A jovem, que vive no bairro da Estalagem, município de Viana, em Luanda, chegou ao Bengo no dia 23 de Dezembro, para festejar o Natal com o velho António, seu avô materno, na comuna do Úcua, a 64 quilómetro­s da sede capital da província.

Defronte à Igreja Universal do Reino de Deus, organizava, num saco, os produtos agrícolas que ganhara do avô. Durante as três horas que ficou à espera do transporte, Linda não parava de consultar o tempo no telemóvel.

Depois de ficar uma semana no Úcua e “matar” a saudade com o avô, ela desejava imenso regressar ao convívio dos pais e irmãos. Estava ansiosa. O transporte não facilitava. Estava difícil. “São 12h00. Estou aqui desde as 9h00, e até agora não aparece nenhum autocarro”, lamentou.

No último dia do ano, Rosalina, 21 anos, não perdeu a oportunida­de de fazer negócios. Na Rua Direita de Caxito, a moradora do bairro Cawango aguardava pelo transporte (táxi ou autocarro) que a levaria à capital do país, para comprar roupas e vender à porta de casa.

“Eu vou a Luanda comprar roupas para vender. Estou a receber várias solicitaçõ­es dos meus clientes. Muitos querem passar o ano trajado de branco e vermelho. Por isso, se não conseguir viajar de autocarro, vou de turismo”, disse a jovem, que receava encontrar os armazéns do “canal”, no Hoji ya Henda, município do Cazenga, fechados.

Rosalina prefere viajar de autocarro. Confessou que, além de sentir-se mais segura, o meio deixa-lhe à porta do armazém e paga apenas 300 kwanzas. Os taxistas cobram o mesmo valor aos que saem de Caxito para a vila de Cacuaco.

Miranda Gomes, um dos responsáve­is da transporta­dora Organizaçõ­es Kafanda, avançou que, devido às enchentes nas paragens, a empresa aumentou de sete para 13 o número de autocarros em circulação, na via Caxito–luanda e vice-versa.

Ontem, também era grande a movimentaç­ão de pessoas nas paragens do Sassa Povoação e de Cawango, na sede da província (município do Dande). Os passageiro­s pagaram cada 2500 kwanzas para se deslocar aos municípios de Pango Aluquém, Bula Atumba, Dembos, Ambriz e Nambuangon­go.

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EDMUNDO EUCÍLIO| EDIÇÕES NOVEMBRO Acesso aos transporte­s públicos esteve ontem bastante difícil

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