Jornal de Angola

O escritor nas palavras de Octaviano Correia

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Dario de Melo nasceu no mato, em Benguela. Homem de mil ofícios: escritor, cronista, professor, gerente agropecuár­io, inspector escolar, radialista, editor, funcionári­o do Ministério da Informação, jornalista... Com Filipe Zau, Rosa Roque e Alice Berenguel escreveu muitas das letras de canções para crianças ainda hoje lembradas e cantadas. Em parceria com Octaviano Correia foi director da revista Tveja da TPA (1983), director do Jornal de Angola e do Correio da Semana (1991). Em 1992 fundou o jornal Jango. Membro fundador da União dos Escritores Angolanos, de que foi presidente da Mesa da Assembleia Geral, publicou imensos artigos em jornais e rádios.

Com um certo humor cáustico se definia a si próprio como “um pouco de tudo e possivelme­nte nada de coisa alguma”.

“Dario de Melo não se limitava a escrever. Imaginava,

inventava. Arrancava sabese lá de onde ideias novas como as que deram origem à colecção Piô Piô, uma série de pequenos livros, com apenas uma estória, com dimensões tão pequenas, pouco mais de um palmo, que foi uma das primeiras senão mesmo a primeira colecção a ser levada aos leitores angolanos.

Algumas obras de Dario de Melo: “Quem vai buscar o Futuro”; “Quitubo, a terra do arco-íris”; “Quem se gaba sempre acaba”; “A estória do leão velho” (teatro);”inaldino”; “O comandante sem armas”; “O grilo e as makas”; “As sete vidas de um gato” (prémio Palop de Literatura Infantil em 1998); “Natal adiado”; “Onda Dormida” e “Poemas serôdios” (poesia).

O escritor terá deixado pouco mais de uma centena de contos inéditos, engavetado­s.

Dario de Melo, segundo Octaviano Correia, caracteriz­ava-se por ser “um crítico desabrido dos erros e falhas da nossa Cultura (...). Sem papas na língua, por vezes impetuoso em demasia mas ao mesmo tempo único. (...) Senhor de uma escrita adocicada, onde as palavras bailam ora ao pulsar suave, melódico do kissanje, ora ao ritmo frenético do batuque angolano, as páginas das suas estórias deixam escapar o cheiro bom da terra molhada, convidativ­a, do fumo das sanzalas cheias de silêncio musical, das noites do mato, do melhor, o mais autêntico que Angola tem”. (Síntese da apresentaç­ão de Octaviano Correia no dia 1 de Junho de 2021)

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