Aberto inquérito para responsabilizar polícias por agredirem jornalista
A Polícia Nacional, em Benguela, abriu, ontem, um inquérito, para apurar responsabilidades aos agentes que, supostamente, agrediram fisicamente o jornalista José Honório, da Agência Angola Press (Angop).
O delegado do Ministério do Interior e comandante provincial da Polícia Nacional em Benguela, comissário Aristófanes dos Santos, que anunciou o facto, esclareceu que o caso chegou à corporação através das redes sociais, mediante uma publicação feita pelo agredido.
Aristófanes dos Santos, que lamentou profundamente o ocorrido, explicou queosagentesacusadosestão localizados e a ser ouvidos em sede de averiguação.
O comissário, que falava ao Jornaldeangola, sublinhou que a Polícia já contactou o jornalista José Honório, numa altura em que se averigua a veracidade e as circunstâncias da ocorrência, que culminou numa suposta agressão física, iniciada na via pública.
O comandante Aristófanes dos Santos fez saber que, caso os agentes venham a ser considerados culpados, ser-lhes-á aplicada a sanção correspondente à prática dos actos, que vai desde a simples repreensão à demissão compulsiva.
Numa publicação feita, ontem, nas redes sociais, José Honório escreveu que, por ter tentado civicamente aconselhar ou sensibilizar agentes da Polícia, para não levarem bacias de uma vendedora ambulante que continha frutas, cobertas em panos africanos e escondidas nas escadas do Prédio da Eterna, foi espancado pelos referidos agentes da Ordem Pública.
Denunciou que o gesto foi suficiente, para que os agentes da Polícia o agredissem, mesmo tendo se identificado como jornalista da Angop. “Pisaramme com toda a maldade, deixando as marcas das botas na t-shirt”, disse.
O jornalista da agência de notícias angolana acrescentou, ainda, que foi torturado de forma terrível, em plena hasta pública, algemado e colocado debaixo do banco corrido da viatura policial, onde era pisoteado.
Sindicato condena agressão
Em reacção ao sucedido, o Sindicato dos Jornalistas Angolanos (SJA) condenou a agressão contra José Honório, por agentes policiais em Benguela.
O secretário-geral do SJA, Teixeira Cândido, caracterizou de desumano a reacção dos agentes da Polícia, por terem sido, simplesmente, chamados à razão, num simples acto de cidadania, feito pelo jornalista José Honório.
Teixeira Cândido sublinhou que “alguns agentes da Polícia não têm respeito nem pela farda que ostentam, tão pouco pela função que exercem, de serem agentes da ordem pública”.
O sindicalista considerou inaceitável que os agentes reajam com brutalidade a uma simples interpelação de um cidadão, classificando-o de marginal. Diante desse comportamernto dos efectivos policiais, defendeu a responsabilização disciplinar e criminal dos envolvidos na agressão.
Neste momento, o SJA, disse Teixeira, incentivou José Honório a apresentar uma queixa-crime contra os agressores junto da Procuradoria Geral da República, visando a responsabilização criminal.