Jornal de Angola

Côte d’ivoire retira os seus militares do Mali

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A Côte d’ivoire anunciou, ontem, que a retirada gradual das suas tropas da missão de paz da ONU, no Mali, até Agosto de 2023, decorre num cenário de tensões diplomát i cas entre Abidjan e Bamako, que começou há vários meses.

“Por ordem do Governo a Côte d’ivoire, a Missão Permanente confirma a retirada gradual dos militares e policiais marfinense­s destacados na Missão da ONU no Mali”, refere uma carta da Missão Permanente da Côte d’ivoire junto à ONU, citada pela AFP. “A rotação da empresa de protecção com sede em Mopti, bem como o destacamen­to de oficiais e polícias previstos para Outubro e Novembro de 2022, respectiva­mente, não podem mais ser realizados”, continua o texto. O exército da Côte d’ivoire não confirmou à AFP se essas rotações já haviam sido interrompi­das.

Nenhuma razão oficial é apontada para esta retirada, mas as relações entre

a Côte d’ivoire e o Mali tornaram-se considerav­elmente tensas nos últimos meses, articularm­ente após a prisão de 49 soldados ivoirenses em Bamako, em Julho passado..

Após três terem sido libertados, 46 ainda estão detidos no Mali. Bamako, acusa-os de serem mercenário­s, enquanto Abidjan afirma que eles deveriam

participar da segurança do contingent­e alemão de Capacetes Azuis no Mali. Várias mediações estão em andamento para obter a sua libertação. No início de Outubro, o presidente da Côte d’ivoire, Alassane Ouattara, garantiu que as coisas estavam “indo bem”.

O anúncio da Côte d’ivoire ocorre um dia depois de o Reino Unido ter anunciado que retiraria o seu contingent­e “mais cedo do que o esperado. Londres mencionou, em particular, a aproximaçã­o da junta no poder desde 2020 ao grupo paramilita­r Wagner, supostamen­te, próximos de Moscovo.

Cerca de 300 militares britânicos estão presentes no Mali desde o final de 2020, no âmbito do destacamen­to da missão de paz da ONU no país, lançada em 2013 (Minusma), destinada nomeadamen­te a estabiliza­r a situação de

segurança no país.

O Egipto, havia anunciado em meados de Julho a suspensão da participaç­ão dos seus 1.035 soldados na Minusma, que conta com mais de 12 mil militares e 1.700 polícias.

O Mali tem enfrentado ataques jihadistas recorrente­s desde 2012 e está a braços com uma profunda crise política e de s egurança. Depois de expulsar o ex-aliado francês no início de 2022, a junta fez vários ataques verbais à UNMISMA, cujo mandato foi renovado em Junho por um ano.

Na o c a s i ã o , o Mal i expressou “firme oposição” à liberdade de movimento dos soldados da paz para investigar possíveis violações dos direitos humanos. Líderes regionais devem reunir- s e na próxima semana no Ghana para coordenar uma resposta à instabilid­ade no Sahel.

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