Tribunal holandês mantém acusação contra a Rússia
O voo MH17 da companhia Malaysia Airlines, que fazia o trajecto entre Amsterdão e Kuala Lumpur em 2014, foi derrubado por um míssil russo lançado do Leste da Ucrânia. Esta foi a conclusão divulgada, ontem, por um tribunal holandês, que também anunciou a condenação de quatro homens envolvidos no acidente, que deixou 298 mortos.
Segundo o juiz Hendrik Steenhuis, que preside o processo que durou dois anos e meio, "um míssil BUK foi lançado de uma plantação p e r t o d e Pervomaï s k , matando 283 passageiros e os membros da tripulação". O tribunal também anunciou a condenação à prisão perpétua de três homens acusados pela catástrofe. Igor Guirkine, Sergueï Doubinski e Leonid Khartchenko, integrantes do serviço secreto russo, foram julgados à revelia e continuam em liberdade.
"Diante do crime cometido pelos suspeitos, que causou tanto sofrimento a tantas vítimas e a seus famil i ares, a punição mais severa é necessária", disse o juiz. O quarto envolvido, o russo Oleg Poulatov, foi inocentado.
O Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, elogiou "a decisão importante" do tribunal. "A punição por todas as atrocidades russas, de ontem e hoje, será inevitável", acrescentou o chefe de Estado. Já o ministro ucraniano das Relações Exteriores, Dmytro Kouleba, elogiou os "esforços conjuntos aprofundados entre a Ucrânia, a Holanda, a Bélgica, a Austrália e a Malásia" durante a investigação. "O veredito de hoje é uma mensagem para a Rússia: nenhuma mentira pode se sustentar durante tanto tempo."
Míssil foi lançado por forças separatistas
Segundo a acusação, os três condenados faziam parte das forças separatistas apoiadas pelo Kremlin e tiveram uma participação crucial no encaminhamento do sistema de mísseis BUK na Ucrânia a partir de uma base militar na Rússia, mesmo não tendo apertado o botão de lançamento. O Governo russo nega qualquer envolvimento.
Familiares das vítimas, de dez nacionalidades diferentes, foram até ao tribunal para aguardar o veredito, perto do aeroporto de Amsterdão, de onde o Boeing decolou no dia 17 de Julho de 2014. Dois terços dos passageiros eram holandeses.
O drama suscitou indignação mundial, gerando diversas sanções contra Moscovo. As imagens divulgadas logo após a catástrofe chocaram a opinião pública: as plantações de girassóis na Ucrânia ficaram cheias de cadáveres e destroços.
Alguns passageiros, entre eles muitas crianças, ainda estavam amarradas aos seus assentos pelo cinto de segurança. Oito anos depois, a região onde caiu o avião se tornou um dos principais campos de batalha com a guerra na Ucrânia, a 24 de Fevereiro deste ano.