Exposição Largo das Heroínas realça o poder feminino
Foi abertaontem, às 18h, na Galeria do Banco Económico, a exposição Largo das Heroínas, que reuniu as artistas Isabel Landama, Sarhai e Filomena Mairosse. A exposição resulta dos trabalhos desenvolvidos durante uma residência artística de um mês, promovida pela produtora Movart e conduzida pela artista Ana Silva. Porém, os visitantes poderão também contemplar os trabalhos de mais três artistas convidadas a fazer parte da exposição, respectivamente as angolanas Marisa Kingica e Fran dos Santos, e a colombiana Astrid Gonzáles.
No momento da abertura da exposição, a artista Isabel Landama referiu que a residência Nginga serviu para dar mais força à imagem desta rainha, mostrando a importância de estar dentro da condição de outras mulheres, enquanto figura feminina. E foi assim que Isabel Landama, a partir do meu rosto, consegui fazer nascer o rosto de Nginga Mbande, uma obra que pode ser apreciada entre as muitas expostas.
“Nessa obra falo sobre a Nginga Mbande e tem por título “Determinação”. E a outra obra falo sobre a reunião de mulheres, desfazendo mitos que ainda imperam na nossa sociedade, como a acusação popular de que as mulheres não se entendem entre si. Acho que isso começa a ser algo do passado, porque as mulheres vão caminhando cada vez mais por um passo de união, por um mundo melhor”, observou.
Ainda sobre a força da mulher em diferentes áreas da vida social, a artista também enriquece a exposição com uma obra onde invoca as zungueiras, procurando expressar a alegria delas apesar das adversidades.
Segundo o curador, Rómulo Rosa, Largo das Heroínas traz a representação simbólica de mulheres que todos os dias lutam para alcançar alguma coisa, e essa exposição, que congrega várias mulheres, vem também reclamar a participação das mulheres na construção da nossa soberania.
“Sarhai, Isabel Landama e Filomena Mairosse trazem conceitos e facetas de historicidades por elas construídas dentro das mais variadas temáticas. Desde questionamentos sobre território e género, a intrínseca relação entre o legado, as pegadas e a reflexão sobre o impacto na análise dos registos destes, a identificação dos invisíveis sociais e o realce da importância da humanidade em assuntos t ratados sem o devido esmero, como a personificação e incorporação da áurea de Nginga Mbande numa ligação subliminar à confrontação diária para o emergir da mulher em relação ao homem, enquanto titular natural dos mesmos direitos e deveres”, acresce o curador no texto de apresentação.
A espanhola Janire Bilbao está à frente da Movart. Segundo sustenta, o projecto começa em 2015, virado mais para a pop arte, fazendo exposições em diferentes prédios da cidade de Luanda, com iniciativas ainda experimentais, mais propriamente envolvido no campo da consultoria de arte. Posteriormente inauguram a Galeria do Banco Económico, trabalhando com artistas como Daniela Ribeiro, Januário Jano e outros que se seguiram. Conseguiram, em 2017, um espaço na Marginal de Luanda, que serviu como galeria, onde funciona até hoje. Alguns artistas conseguiram fazer exposições marcantes, como foi o caso de Toy Boy.
Janire Bilbao pontua que a residência teve apenas a participação de mulheres artistas do espaço PALOP, por via de um apoio da Aliança Francesa, através do Fundo Diversidade.
“Essa é a primeira residência, e a razão de ter sido apresentada cá na Galeria do Banco Económico é muito especial, porque nos remete sempre ao início da nossa trajectória. E nesta exposição estendemos o convite a mais três artistas, das quais duas angolanas e uma colombiana”, frisa.
Por outro lado, resume que o intercâmbio entre as artistas foi interessante, tanto que já avança para breve nova residência, desta vez com apoio do Goethe Institut.
Exposição de artes plásticas traz a representação simbólica de diversas mulheres que lutam todos os dias