“Legado do Poeta Maior tem sido uma ferramenta ao incentivo à criatividade”
De acordo com o júri, “Memórias de uma Kuvale” apresenta uma construção narrativa e planos de imagens bem elaborados, que denotam riqueza no labor estético e na elaboração da dimensão sociocultural
Filipe Zau referiu que a actividade faz parte do seguimento do programa das celebrações do centenário de Agostinho Neto, cuja acção ficcional da obra procura transmitir, preservar, elevar e incutir na memória das sociedades o valor do legado poético
O ministro da Cultura e Turismo, Filipe Zau, referiu, em Luanda, que as obras literárias do primeiro estadista angolano, Agostinho Neto, figura indiscutível da história do país: “são ferramentas ao incentivo à criatividade literária entre os autores nacionais”.
Filipe Zau destacou que as suas obras “reproduzem o imaginário e a identidade cultural dos diferentes grupos sociais angolanos, através do texto literário, dando assim, origem à emergência de uma nova vaga discursiva”.
O ministro prestigiou a gala de distinção do vencedor do Prémio Literário Sagrada Esperança (2022), edição especial, no âmbito do centenário de nascimento de António Agostinho Neto, acto realizado no Memorial homónimo, na Praia do Bispo, enalteceu a figura indiscutível de Neto, entre outros feitos, o legado deixado para a afirmação da angolanidade.
A dimensão literária de Agostinho Neto, disse, deve ser motivo de orgulho para os angolanos, relevante pelo carácter de omissão, que deve ser levada a uma ampla reflexão sobre a sua vida e obra.
Com efeito, ressaltou, o momento deve servir, igualmente, para o contínuo engrandecimento da literatura e da nação. “O legado de Neto tem sido uma ferramenta ao incentivo à criatividade literária entre os autores nacionais que reproduzem o imaginário e a identidade cultural alvos dos diferentes grupos sociais angolanos, através do texto literário, dando assim, origem a emergência de uma nova vaga discursiva”.
Filipe Zau referiu que a actividade faz parte do seguimento do programa das celebrações do centenário de Agostinho Neto, cuja acção ficcional da obra procura transmitir, preservar, elevar
e incutir na memória das sociedades o valor do legado poético, cultural, histórico e político de tão elevada figura de Agostinho Neto e nos povos que no mundo anseiam se tornar donos dos seus próprios destinos.
O ministro referiu que o primeiro estadista angolano empenhou-se na autodeterminação de uma África ainda acorrentada para a edificação de um continente libertado pelos seus filhos com o desejo do alcance da paz e prosperidade e com o resgate dos valores endóge
nos, sustentados pela tradição e modernidade. “Na Namíbia, Zimbabwe e na África do Sul está a continuação da nossa luta”, foi a palavra da linha da frente dos países em combate na luta contra o apartheid, na qual Angola teve um papel decisivo.
Uma das contribuições no sentido da valorização desse legado, foi a criação do prémio em sua homenagem, instituído pelo Ministério da Cultura e Turismo, em 1980 e com o patrocínio do Banco
Caixa Angola. Antes de terminar a sua intervenção, o ministro partilhou com o público, alguns dos destacados pensamentos do estadi s t a Agost i nho Neto, extraídos das suas obras, dos quais podem ser retirados ensinamentos para o quotidiano como nação: “eu já não espero sou aquele por quem se espera”, “o mais importante é resolver os problemas do povo”, “Angola é, e será sempre por vontade própria a trincheira firme da
revolução em África”, “o meu lugar está marcado no campo da luta para a conquista da vida perdida”, “as minhas mãos colocaram pedras nos alicerces do mundo, tenho direito ao meu pedaço de pão”, “s eguirei com os homens livres o meu caminho, para a liberdade e para a vida” e “amanhã entoaremos hinos à liberdade”.
O titular da pasta ressaltou que os versos do poema “Sombra” da obra Sagrada Esperança, remetem-nos
para aos anseios do primado da Paz, Direitos Humanos, do Estado de Direito Democrático e Justiça Social, um quadro de valores, ainda, não incorporados universalmente.
Segundo o ministro, o Poeta Maior, na sua obra, faz uma antevisão de longo alcance sobre os tempos assombrosos que poderiam ocorrer, mas, ainda assim, insinuou que as dificuldades de um determinado período, não eram tão relevantes, porque a história de um país, se faz caminhando “porque a luta dos povos é contínua e a vitória é certa”.
O acto foi, também, testemunhado pela, ministra da Educação Luísa Grilo, pelo secretário de Estado para o Ensino Superior, Eugénio Silva, pelo vice-governador de Luanda para o Sector Político e Social, Manuel Gonçalves, pelo Banco Caixa Geral Angola e membro do Conselho Económico e Social, Mário Nelson e pelo representante da Fundação Dr. António Agostinho Neto (FAAN), Walter Camueler.
Valor estético da obra
O representante do j úri, Manuel Mwanza, fez a leitura da acta, na qual disse terem recebido 64 textos. Para a fase final, foram escolhidos os textos “Memórias de uma Kuvale”, de Ulembi, pseudónimo literário de Aníbal S i mões e o “Es t a do de Kalumbunzu” de Jeremias Sebastião Manuel , tendo a apreciado e atribuído o prémio à primeira obra. O júri recomendou a publicação do original “Estado de Kalumbunzu” de Jeremias Sebastião Manuel, fora do âmbito do concurso.
De acordo com o j úri, “Memórias de uma Kuvale” apresenta uma construção narrativa e planos de imagens bem elaborados, denota riqueza no labor estético e na elaboração da dimensão sociocultural. “Trata-se de um trabalho de ficção que recusa o carácter estático oral e dos rituais ancestrais, tolerando uma visão dinâmica das chamadas comunidades rurais ou tradicionais”.
De recordar que a edicão especial do Prémio Literário Sagrada Esperança tem como objectivo enaltecer o centenário de nascimento do poeta maior e Primeiro Presidente de Angola, António Agostinho Neto. O vencedor recebeu uma estatueta e um cheque avaliado em dez milhões de kwanzas.