À porta da festa
Estamos hoje a 48 horas do arranque do Mundial de futebol do Qatar. Passaramse daquela intensa final de Lujniki, em Moscovo, que opós a França à surpreendente Croácia, quatro anos. O tempo, volátil, no seu curso, passou, e sem que déssemos por ele, colocanos hoje à beira da outra edição da maior festa da bola.
O mundo entrou num verdadeiro turbilhão. Tudo se agita à volta do Qatar'2022. Aliás, o mundial de futebol só perde para os Jogos Olímpicos, invenção de Barão Pière de Coubertin, catalogados como a maior manifestação desportiva que tem lugar na face da terra. Os dois eventos têm a mesma periodicidade, realizandose de quatro em quatro anos.
Estes últimos dias têm sido de grande frenesim, com os recintos aeroportuários a conhecer a maior agitação do ano, ante a frequência de caravanas desportivas, em escalas obrigatórias para se atingir o Qatar, que ganha, a partir de domingo, estatuto de capital mundial de futebol, sendo verdade que é para as suas cinco cidades, eleitas para o evento, onde, até 18 de Dezembro, estarão viradas as atenções do mundo que se expressa na linguagem da bola.
O futebol, felizmente, é assim. Assume esta magia de mobilizar os homens à volta das suas emoções, umas vezes unidos no sentimento clubístico, outras num verdadeiro desencontro de convicções. No essencial, é esta particularidade que lhe empresta beleza, sentido e interesse. Dir-se-ia que futebol é, para lá do seu lado artístico, uma verdadeira festa sem limitações de acesso.
Na verdade, o mundial é já um objecto palpável esperando-se que nos venha proporcionar bons e agradáveis momentos de futebol, que consigam, durante longos e infernais 30 dias, nos envolver num ambiente de tardes e noites loucas, arriscando-nos, como nos arriscamos, a ser tomados pela incapacidade de conter os ânimos e a euforia, quando os “artistas” da bola colocarem a sua arte de bons executores da “coisa” em evidência.
Qatar abre-se ao mundo, para a organização do primeiro campeonato fora de época. Novembro e Dezembro jamais foram meses consagrados a grandes eventos desportivos. Rebusquemos o histórico dos Jogos Olímpicos que remontam de 1896, em Atenas, ou do próprio mundial de futebol que viu disputar a primeira edição em 1930, no Uruguai.
Mas Junho e Julho, meses tradicionais da realização do evento, é período de temperaturas altas no Qatar, impróprias para prática de qualquer actividade física. Daí as concepções que tiveram de ser feitas pela entidade máxima do futebol mundial, a FIFA, a partir da altura em que atribuiu a organização da prova a este país asiático.
Escusamos entrar em conjecturas sobre aspectos de natureza competitiva, sobre quem é quem entre as nações que estarão presentes na prova. Deixamos este exercício para as próximas notas, a inserir aqui mesmo neste cantinho, durante os 30 dias, em que o mundo inteiro estará de atenções e olhos virados para o Qatar. Já só faltam horas...