BCI prepara estratégia com agência do Banco Mundial
Nstituição privada angolana assinou acordo de assistência técnica de 12 meses com a Corporação Financeira Internacional
O Banco de Comércio e Indústria (BCI) está a traçar uma estratégia de operação com assistência da Corporação Financeira Internacional (IFC, sigla em inglês), uma agência do Banco Mundial especializada no financiamento ao sector privado, nos termos de um acordo anunciadio, ontem, em Luanda.
O acordo, assinado pelo presidente da Comissão Executiva do BCI e pelo representante e chefe de Missão da IFC em Angola, respectivamente, Renato Borges e Carlos Katsuya, em duração de 12 meses, período em o banco angolano recebe apoio técnico para a elaboração de um diagnóstico e auxílio ao desenvolvimento de uma estratégia de operação para os próximos cinco anos.
Assinado no âmbito do processo de reestruturação em curso, depois da privatização em bolsa a favor do Grupo Carrinho, o BCI opta por uma estratégia assente no segmento das micro, pequenas e médias empresas, bem como na especialização em negócios com sector da Agricultura Familiar, segundo o comunicado em que o banco anunciou o acordo.
Para o banco, o acordo representa uma grande oportunidade, dada a experiência do IFC no domínio da assessoria às instituições financeiras em economias emergentes.
O presidente da Comissão Executiva do BCI define, citado no comunicado, a actual situação do banco como “um momento de reflexão” para transformar-se num banco de referência no sector do agro-negócio, considerando que “faz todo sentido ter traçado parceria com a IFC”.
“O BCI vê nessa parceria muito mais do que uma oportunidade para melhorar o ambiente de negócios que, consigo, traz um grande diferencial da componente da agricultura familiar”, frisou Renato Borges.
Por sua vez, o representante e chefe de Missão da IFC para Angola, afirmou que esta parceria com o BCI reafirma o compromisso de promover a inclusão financeira e impulsionar o cresc i mento e c o n ó mi c o sustentável em Angola.
“A IFC está preparada para dar o maior apoio técnico, no sentido de auxiliar os esforços do BCI para se tornar mais eficaz na promoção do acesso a oportunidades de financiamento às pequenas empresas angolanas e no sector agrícola”, realçou.
Números vermelhos
No parecer sobre o relatório e contas do BCI relativo a 2021, o auditor externo, a KPMG, manifestou reservas quanto à capacidade de o banco realizar os activos e l i quidar os passivos no decurso da actividade daquele ano, quando declarou activos, fundos próprios e lucros inferiores a 2020.
Os números apontavam para que, no ano passado, quando o banco passou a ser controlado pela Carrinho Empreendimentos, o activo do BCI caiu para 398.916 milhões de kwanzas, contra 467.363 milhões em 2020, os fundos próprios para 19.059 milhões, caindo de 26.256 milhões em 2020, e os lucros desceram para um valor negativo de 7.515 milhões, diante do resultado positivo de 4 197 milhões no ano anterior.
O rácio de solvabilidade (quanto maior for o rácio, maior é a solvabilidade), uma norma prudencial estabelecida em 10 por cento pelo Banco Nacional de Angola (BNA), encolheu de 16,6 por cento, em 2020, para 11,6, no ano passado.
Os auditores da KPMG descreviam, nas bases para a opinião com reservas, que, na rubrica “Crédito a clientes”, que de 46.990 milhões de kwanzas, em 2020, ascendeu
para 52.378 milhões, no ano passado, a informação disponibilizada sobre formalização dos contratos, reestruturações e registo a 31 de Dezembro de 2021, “não permitem concluir quanto ao direito do banco sobre estes activos”.
O auditor externo conclui que, apesar das projecções preparadas no pressuposto da continuidade, uma vez que o Conselho de Administração entende do BCI dispõe de meios para continuar a desenvolver a sua actividade no futuro, às opções estratégicas do novo accionista e a alteração de variáveis que não estão sob controlo do banco, “existe uma incerteza material que pode colocar dúvidas significativas sobre a capacidade do banco em manter- se em continuidade”.