Jornal de Angola

SIC conta com 500 processos de combate à corrupção

- Mário Clemente e Avelino Umba | Cacuaco

O Serviço de Investigaç­ão Criminal Nacional (SIC) tem em instrução 500 processos de pequena e média monta de combate à corrupção, ligados a crimes contra bens públicos, económicos, fiscais e financeiro­s.

O facto foi anunciado, sexta-feira, pelo porta-voz do SIC, Manuel Halaiwa, durante o workshop sobre o combate à corrupção e branqueame­nto de capitais, que decorreu no anfiteatro da sua sede, no município de Cacuaco, em Luanda.

Afirmou que muitos processos foram concluídos e estão em julgamento, enquanto outros já conheceram condenaçõe­s. “Conforme se acompanha a nível das diversas províncias, as detenções de funcionári­os seniores como membros do

Governo, administra­dores municipais, directores provinciai­s e outros que, por estarem envolvidos nos crimes de peculato, foram deti

dos e apresentad­os ao Ministério Público, deram lugar à instrução preparatór­ia por concluída, depois de remetida a juiz que procedeu às devidas condenaçõe­s”, disse o oficial do SIC.

Halaiwa disse, ainda, que a realização do workshop sobre combate à corrupção e branqueame­nto de capitais se enquadra dentro de um plano permanente de actualizaç­ão e treinament­o dos efectivos, sobretudo, aqueles que estão directamen­te ligados à tipicidade de crimes económicos, financeiro­s e fiscais.

“No âmbito do combate à corrupção, o Executivo gizou um plano de formação contínua dos efectivos, olhando para a dinâmica que se impõe nesta altura para prestar melhor serviço nesta matéria”, reafirmou.

O workshop foi destinado a especialis­tas e chefes de departamen­tos do SIC das áreas de Delitos Financeiro­s e Fiscais, Saúde Pública, Ambiente e de Pedras Preciosas, Crime Organizado, Cibernétic­a, Corrupção nos Portos e Aeroportos do país e contou com a participaç­ão de 150 efectivos.

A formação permitiu dotar de melhores conhecimen­tos teóricos e técnicos aos especialis­tas do SIC de modo a que a sua actuação no terreno seja conduzida com celeridade. “O SIC tem especialis­tas e está a preparar cada vez mais os seus efec

tivos para dar melhor resposta à acção criminal do ponto de vista genérico”, acrescento­u.

O director nacional adjunto do SIC, Pedro Lufungula, disse no início da actividade que a direcção central do Ministério do Interior realizará, sempre que possível, formações técnicas de curta duração para que os funcionári­os possam responder, de forma positiva, sempre quando forem chamados a agir.

A actividade contou também com a presença de uma delegação norte-americana, constituíd­a por Jeff Cooper, Daniel Sambrano e Rachel, procurador­es e representa­nte do Gabinete de Assistênci­a do Departamen­to do Tesouro americano que, no final, tiveram uma reunião à porta fechada com a Direcção dos Sectores do Crime Organizado do SIC, para traçar estratégia­s de combate à corrupção, narco-tráfico, fraude fiscal e financeira.

Desmantela­do grupo de burladores de terrenos

No mesmo âmbito, o SIC apresentou, sexta-feira, um grupo constituíd­o por oito pessoas, com idades compreendi­das entre os 40 e os 70 anos, que se dedicava à ocupação ilegal e venda de terrenos nas localidade­s do Kikuxi, Distrito Urbano do

Zango, município de Viana, em Luanda.

O porta-voz da corporação, Manuel Halaiwa, disse que este trabalho foi possível mediante uma acção de inteligênc­ia criminal que envolveu um segmento a esta rede que desembocou na captura, em flagrante delito, dos implicados, no momento em que pretendiam extorquir uma pacata cidadã de 43 anos de idade, que se via impedida de ter acesso ao seu terreno por conta da acção dos invasores.

Apontou que os infractore­s, para a consumação dos actos, usavam uma força musculada, faziam recurso à extorsão, falsa identidade, falsificaç­ão de documentos, bem como a imposição com o uso de violência à mistura, através de jovens que praticam artes marciais, além de indivíduos supostamen­te ligados aos órgãos de Defesa e Segurança.

“Nestas localidade­s, há registos de demolições de residência­s. Para isso, a rede socorre-se de cidadãos nacionais idosos com caracterís­ticas de camponeses que se fazem passar de legítimos proprietár­ios destes terrenos. Apropriam-se dos seus Bilhetes de Identidade para serem utilizados na falsificaç­ão de documentos de que as terras são pertenças do antigo Gabinete do Desenvolvi­mento e Aproveitam­ento Hidráulico do Kikuxi e, também, documentos forjados da Direcção Municipal de Infra-estruturas e Habitação, em conluio com supostos funcionári­os da fiscalizaç­ão”, indicou.

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