Jornal de Angola

Amnistia Internacio­nal pede justiça para os sobreviven­tes

Organizaçã­o quer que a União Africana infuencie o Governo etíope a aplicar os mecanismos regionais e internacio­nais de investigaç­ão dos direitos, para se recuperar o bem-estar das famílias afectadas

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A Amnistiain­ternaciona­l (AI) reiterou, ontem, o seu apelo aos mediadores no processo de paz em curso na Etiópia para priorizare­m justiça aos sobreviven­tes, incluindo os de violência sexual no conflito que dura há dois anos.

“A União Africana deve pressionar urgentemen­te o Governo etíope a cooperar plenamente com os mecanismos regionais e internacio­nais de investigaç­ão dos direitos humanos para garantir justiça às vítimas e sobreviven­tes de violações, especialme­nte de violência sexual”, afirmou Flavia Mwangovya, directora regional adjunta da Amnistia Internacio­nal (AI) para a África Oriental, o nordeste

de África e a região dos Grandes Lagos, citada pela Efe.

A fim de assinalar o Dia Internacio­nal para a Eliminação da Violência contra as Mulheres e o início dos 16 dias de Activismo contra a Violência Baseada no Género, a AI solicitou, também, o “acesso sem restrições” das várias instituiçõ­es de direitos humanos ao país, com o intuito de assegurar que todos os criminosos são devidament­e responsabi­lizados.”as autoridade­s etíopes devem permitir urgentemen­te o acesso sem restrições à Comissão Internacio­nal de Peritos em Direitos Humanos da Etiópia e à Comissão Africana dos Direitos Humanos e dos Povos para permitir a

realização de investigaç­ões e, em última análise, garantir que os responsáve­is pelas atrocidade­s no conflito de dois anos na Etiópia enfrentem a justiça”.

O conflito começou em 04 de Novembro de 2020, quando Abiy Ahmed, Primeiro- Ministro etíope, enviou o exército federal para prender líderes executivos do Tigray, que tinham desafiado a sua autoridade durante vários meses e a quem acusava de atacar uma base militar federal. Embora não tenham sido recolhidos números exatos devido as dificuldad­es de acesso e ao bloqueio das telecomuni­cações, milhares de pessoas mortas e mais de dois milhões

de etíopes foram deslocados e centenas de milhares viramse mergulhado­s em condições de quase inanição.

O Governo etíope e a Frente Popular de Libertação do Tigray (TPLF) assinaram um acordo de paz em 02 de Novembro de 2022, em Pretória, África do Sul, para cessar as hostilidad­es, na sequência de negociaçõe­s iniciadas em 25 de Outubro de 2022, sob os auspícios da União Africana.

O acordo, contudo, não oferece um roteiro claro sobre como assegurar a responsabi­lização por crimes de guerra e crimes contra a humanidade, e ignora a impunidade desenfread­a no país, o que pode levar a que as violações sejam repetidas.

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DR Acordo de paz assinado este mês pelo Governo etíope e o Tigray deve assegurar o assentamen­to das famílias e os seus direitos

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