Jornal de Angola

“A paixão pelo teatro veio dar-me aprendizag­em”

Natural do Rangel, Ousmany começou a trabalhar na restauraçã­o aos 18 anos, mas foi às artes cénicas que entregou a sua vida

- Rui Ramos AUGUSTO OUSMANY PESSOA DE OLIVEIRA

Augusto Ousmany Pessoa de Oliveira nasceu a 9 de Abril de 1990, na Comissão do Rangel, Travessa 2, em Luanda. É filho de Oliveira Bernardo e de Fátima Pessoa. “Fui uma criança respondona, i nquieta e mui t o explosiva, até mesmo nas brincadeir­as. Com mais de 20 irmãos, sou sempre o gordinho da família”, apresenta-se.

Augusto Ousmany fez o ensino primário na ExEscola 1.117. “Comecei o ensino secundário no Ngola Nzinga e terminei na escola da Ilha de Luanda, onde aprendi a praticar basquetebo­l”, recorda.

Acrerscent­a que concluíu o ensino médio no PUNIV da Ingombota em Ciências Físicas e Biológicas. “Por situações da vida, não conclui o curso de Ambiente e Gestão de Território, na Universida­de Metodista de Angola”.

Ousmany é formador e gestor de formação, formado pelo CENFOR, formador d e p a s t e l a r i a , panificaçã­o e empreended­or. “Trabalhei 12 anos em Hotelaria, pois a vida deume responsabi­lidades de família muito cedo”.

Conta que se dedicou muito e logo no primeiro emprego, aos 18 anos, em apenas duas semanas, tornou-se responsáve­l do grupo e não mais parou. “Chefiei bons restaurant­es e hotéis em Luanda. Com 20 anos, coordenava mais de 15 colaborado­res e aos 24 anos, a responsabi­lidade aumentava, mas não era aí onde eu me encontrava, na verdade eu sempre me perguntei como é que o outro tem um negócio e eu não tenho, se o que ele t e m e u t a mbém t e nho (cabeça, tronco e membros)”.

Augusto Ousmany abandonou a hotelaria quando o teatro ja estava a pedir mais dele. “Dediquei-me ao que amo de paixão. Fiquei desemprega­do, com família de quatro filhos, para poder empreender. Para mim, é preferível fazeres o que amas e fazeres bem, a fazeres por obrigação”.

O gosto pelo teatro começou cedo, recorda. “Ainda com dez anos e acólito da Igreja de Nossa Senhora da Nazaré, apreciei o grupo de teatro dos jovens da igreja, que estava a ensaiar a peça do final de ano sobre o Nascimento de Cristo. Fui convi dado a i nterpretar o p e r s o n a g e m d e Césa r Augusto. Não parei mais, passei por vários grupos de teatro, Kamba Dyame (grupo da igreja), a convite de Felisberto Felipe e Constantin­o Marcolino, dois grandes artistas da arte de representa­r. Fui aconselhad­o a aprender outras formas de representa­r e foi aí que comecei a busca de mais conteúdos. Passei pelo Enigma Teatro, que muito me desenvolve­u”.

Mas foi no grupo Amazonas Teatro, por convite de Chance Elchaday, director do grupo e antigo integrante do Enigma Teatro, que comecei a conhecer prémios e reconhecim­ento. “Interprete­i uma senhora ‘Tia Amélia’ na peça Alembament­o da Cantina, em 2019, recebi o prémio de melhor actor no maior festival de teatro em Angola, o Circuito Internacio­nal de Teatro CIT. Em 2020, com a pandemia, o grupo reinventou-se, fazendo teatro gravado e nas redes sociais, começando com Teatro no Cubico”, recorda. “Depois convidaram-nos a fazer parte da grelha de programaçã­o do canal VIDA TV e hoje “As Aventuras de Zé Carioca na Tvzimbo”.

A seguir interpreto­u o Tubias, personagem cujo tema é "aceita-te conforme és”. “Cresci com excesso de peso e com algum preconceit­o do corpo avantajado, isso não ajudava em muita coisa na minha vida, tal como relacionam­entos na adolescênc­ia, roupas, calçado e bulling pelos amigos, vizinhos até família, mas sempre acreditei que cada um de nós tem um propósito nesta Terra, sempre fui acima do peso, mas muito habilidoso”.

E Augusto Ousmany não tem dúvidas: "eu ainda vou mudar a consciênci­a de muitos sobre o conceito do corpo de 3 ou 4xl, dizia, sempre acreditand­o em mim. Considero- me um escolhido para dizer às pessoas que têm de se gostar do jeito que são. Para inspirar as pessoas, é necessário que sintam, por palavras e acções, que o desempenho é reconhecid­o”.

O basquetebo­l é outra paixão de Augusto Ousmany. “Jogo basquetebo­l, gosto de correr, praticar desporto e sempre sou dos mais destacados onde jogo, a vida deu-me um personagem que usa roupas curtas, para expressar o seu agrado do jeito que ele é.”

A família não o apoiou na escola e permanênci­a no teatro, mas Augusto Ousmany persistiu na sua escolha. “Passei pela novela o Rio, da Kwenda Magic, e hoje série Njila, Não te Irrites, no mesmo canal, Kwenda Magic. Foi nomeado na categoria de melhor actor de televisão, no Globos de Ouro 2021.

“Acredito que o jovem angolano pode lutar para conseguir tudo que quiser, desde que seja lícita a sua busca. O meu amor pelo basquetebo­l tornou-se uma terapia, atitude, crença pessoal, visão de vida, confiança, disciplina, habilidade, network”, enfatiza. “Utilizei o corpo para expressar a muitos a acreditaçã­o pessoal. Amo a leitura e o teatro vieram dar-me aprendizag­em”, conclui.

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