Jornal de Angola

A realidade do bairro Diva

-

Fomos até à aldeia do Diva. Lá encontramo­s um grupo de jovens sentados junto à residência de José Alberto dos Santos. Aos 15 anos de idade, este tem como sonho ser médico. Estudou até a 6ª classe. “Não tenho possibilid­ade de continuar. Daqui para a sede, no Cuale, são 11 quilómetro­s, então, prefiro ajudar os meus pais na lavra”, informou.

Domingos Abraão Luciano, 27 anos de idade, é camponês. “Não estou a estudar porque a distância é demasiada. Parei também na 6ª classe”, disse.

Paizinho Jorge Ernesto: “Não estudo. Parei na 5ª classe. Este ano também não vou estudar. Tenho a minha lavra onde trabalho mandioca, ginguba e inhame que vendo mesmo aqui”.

Manuel Kingila Dala: “Trabalho só nas lavras”. Foi assim que nos contou o nosso interlocut­or de 13 anos de idade e que parou de estudar na 2ª classe.

No bairro Diva a nossa equipa conversou igualmente, com duas moradoras. Emília Fernandes disse que a maior preocupaçã­o tem a ver com a falta de uma escola. A não existência de um posto de saúde e de um chafariz é outra preocupaçã­o dos moradores de Diva.

“Buscamos água no rio. É muito sofrimento. Das montanhas para chegar aqui no bairro é à rasca, pai. Neste momento estou doente. Não há medicação. Há medicament­os na sede, mas não tenho como chegar lá, daqui para a sede tenho de pagar 1000 kwanzas”, disse.

Fernanda Fernando, com um sorriso estampado no rosto, disse à nossa reportagem que vive no Diva há quatro anos. Acrescento­u que no presente ano trabalhou muito e não tem como escoar a sua produção. Mas garantiu que tem esperança de vender o resultado da sua colheita na sede da comuna, onde todas as quintas-feiras é organizado um mercado rural.

 ?? FRANCISCO CURIHINGAN­A | EDIÇÕES NOVEMBRO ??
FRANCISCO CURIHINGAN­A | EDIÇÕES NOVEMBRO

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Angola