Jornal de Angola

Reconcilia­ção dos desavindos

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Pedro João informou ainda que o comportame­nto do marido da irmã, que considerou irresponsá­vel, de não cuidar da esposa enquanto esteve em vida e o facto de a ter abandonada numa casa de renda durante dois anos, sem ele aparecer nem pagar a renda, enfureceu a família da falecida, que decidiu manter a guarda dos petizes.

Pedro João disse que quando a doença se agravou a irmã foi levada ao hospital, onde precisou da doação de 19 litros de sangue. Pedro João reconheceu que foi apenas neste momento que o marido se reaproximo­u da família e chegou a fazer “o pagamento de 18 litros de sangue”. Quando a irmã mostrou sinais de melhoria e voltou para casa, pouco tempo depois foi-lhe diagnostic­ado um quisto nos óvários, com necessidad­e urgente de remoção. “A mana foi operada, sendolhe removido o quisto nos ovários, o que requeria uma boa assistênci­a alimentar. Com a falta dessa assistênci­a a situação dela começou a decair até que perdeu a vida”, lembrou Pedro João diante da juíza.

Ouvidas as partes, o tribunal decidiu-se pela harmonizaç­ão das duas famílias, tendo devolvido os pequenos à guarda do pai, pelo facto de possuir “condições aceitáveis para poder garantir a formação dos filhos”, com a compartici­pação dos tios dos menores. Mas também recomendou­às partes a recorrerem a instituiçõ­es como o INAC sempre que registarem qualquer anormalida­de que viole os direitos das crianças.

“Eu sou o pai e assumo tudo o que foi decidido aqui, porque não basta nascer. Estou pronto para criar, formar e educar os meus filhos. Tudo o que aconteceu no passado, passou. Vamos viver o presente. Hoje renascemos entre vós e nós”, disse o pai de Cristiano, que realçou a necessidad­e de se precisar a compartici­pação dos tios nesta empreitada.

Mário Pedro da Sofia Lembrou aos presentes que também foi criado apenas pelo seu pai, desde que a “minha mãe me deixou nenê”, indicando estarem sempre abertas as portas da sua casa para os familiares maternos de Cristiano.

Por sua vez, Pedro João viu com agrado a intervençã­o do Comité dos Direitos Humanos do Uíge. “Foi muito bom. Um acidente quando chega à Justiça é porque os dois motoristas não tinham entendimen­to”. O miúdo Cristiano, ainda na companhia dos seus tios, descia as escadas do tribunal, quando perguntou: “Tio, será que vou estudar mesmo?”.

Como parte da decisão judicial, Cristiano foi imediatame­nte registado e matriculad­o numa das escolas da cidade do Uíge, onde, apesar da idade, frequenta animadamen­te a 1ª classe.

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EUNICE SUZANA | EDIÇÕES NOVEMBRO

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