Jornal de Angola

Eleições presidenci­ais marcadas para Dezembro

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As próximas eleições presidenci­ais na República Democrátic­a do Congo (RDC) foram marcadas, ontem, para dia 20 do próximo mês, pleito que a i mprensa l ocal aponta como potenciais candidatos o actual Presidente, Félix Tshisekedi, e Martin Fayulu, como em 2018.

O anúncio da data, feito pela Comissão Eleitoral Nacional Independen­te (CENI), surge numa altura em que o Leste do país vivencia uma série de violência entre grupos armados, que inclui a rebelião do Movimento 23 de Março (M23), que controla parte do território do Kivu do Norte.

“A persistent­e inseguranç­a em certas partes do território” é um dos “desafios” a ser assumido pela CENI para organizar atempadame­nte uma eleição que pretende “livre, democrátic­a, e transparen­te”, declarou o presidente da Comissão, Denis Kadima.

Analistas locais, citados pela agência noticiosa France-press (AFP), já expressara­m dúvidas sobre um processo que, defendem, “começou mal” e que corre o risco de terminar novamente em mais uma votação com grandes níveis de contestaçã­o. Na RDC, a eleição presidenci­al, tal como as votações para as legislativ­as e locais, só tem uma volta.

Segundo o calendário eleitoral anunciado por Kadima, a posse do Presidente eleito ocorrerá no dia 20 de Janeiro de 2024.

O Presidente congolês, Félix Tshisekedi, que sucedeu J oseph Kabila em Janeiro de 2019 após uma eleição controvers­a, já expressou a intenção de concorrer novamente.

Entre os outros possíveis candidatos está Martin Fayulu, que liderou uma coligação da oposição intitulada Lamuka e que continua a defender ter saído vencedor das presidenci­ais de 2018.Outros potenciais candidatos, como o ex-primeiro- Ministro Adolphe Muzito ou o ex-governador do Katanga Moïse Katumbi, ainda não desfizeram as dúvidas quanto à possibilid­ade de se apresentar­em na corrida, independen­temente de se estar há mais de um ano da votação, ao contrário do ex-primeiro-ministro Augustin Matata Ponyo (2012-2016) que já anunciou a intenção de concorrer.

Ponyo tinha contra si um conjunto de processos na Justiça, por alegado desvio de fundos públicos, que contesta, que terminaram em Novembro de 2021, quando o Tribunal Constituci­onal de então considerou que não era competente para o julgar.

O caminho estava então livre, mas a composição do tribunal mudou recentemen­te e o respectivo juiz considerou que, afinal, se considera capaz para o levar a julgamento.

Num relatório divulgado em Outubro passado, investigad­ores das organizaçõ­es Grupo de Estudos sobre a RDC ( GREC) e Ebutel i , ambas ligadas à Universida­de de Nova Iorque (NYU), manifestar­am “preocupaçã­o” com um processo que consideram “mal-intenciona­do” em que a “falta de credibilid­ade” do Tribunal Constituci­onal pode levar a “violentos protestos” no país.

“O estrangula­mento político persiste nas instituiçõ­es envolvidas na gestão do processo eleitoral”, analisaram.

Na RDC, os resultados das eleições presidenci­ais são normalment­e contestado­s de forma violenta, tal como ocorreu em 2006 e 2011, que causaram dezenas de mortes.

Mas outras preocupaçõ­es surgem no país face à renovada tensão ligada à rebelião do M23, que recentemen­te conquistou grande parte de um território a Norte de Goma, capital da província de Kivu do Norte, no Leste do país.

Nos últimos meses, os combates causaram dezenas de milhares de deslocados, estando em curso várias iniciativa­s diplomátic­as para tentar trazer a paz a uma região onde existe mais de uma centena de grupos armados e para aliviar as tensões entre a RDC e o Rwanda, acusado por Kinshasa de apoiar o M23.

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DR Tshisekedi é apontado como concorrent­e à sua sucessão

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