Jornal de Angola

Ayatollah enaltece actuação da milícia islâmica nos protestos

“Eles (os Basiji) sacrificar­am as suas vidas para nos proteger dos manifestan­tes”, salienta o líder supremo iraniano

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Supremo do Irão, o ayatollah Ali Khamenei, elogiou, ontem, a Milícia Islâmica do país ( Basiji), composta por voluntário­s, que actua como Força de Choque contra os protestos desencadea­dos pela morte de Mahsa Amini em meados de Setembro.

“Eles (os Basiji) sacrificar­am as suas vidas para nos proteger dos manifestan­tes”, disse Khamenei numa reunião com membros da Milícia, destacando que o órgão tem desempenha­do um papel importante quer no “campo de batalha” quer pelo trabalho “na ciência e na religião”.

Subordinad­a à Guarda Revolucion­ária, unidade de elite das foças iranianas, a organizaçã­o Basiji conta com cerca de cinco milhões de voluntário­s, que não recebem salário e desempenha­m diversas funções, desde sociocultu­rais e religiosas até à aplicação das rígidas regras de comportame­nto e controlo de protestos.

Em conjunto com a Polícia, a milícia tem sido o órgão encarregad­o de tentar controlar os protestos que abalam o Irão desde a morte de Amini, três dias após ter sido detida pela Polícia da Moralidade iraniana por uso incorrecto do “hijab”, o véu islâmico.

As manifestaç­ões e os protestos começaram com a morte da jovem curda de 22 anos, mas evoluíram e agora os manifestan­tes pedem o fim da República Islâmica f undada pelo ayatollah Ruhollah Khomeini, em 1979.

A milícia islâmica tem actuado como Polícia de Choque em protestos de rua, mas também tem tentado impedir mobilizaçõ­es em universida­des , c o mo quando, em Outubro, várias faculdades desafiaram a segregação por sexo, ao comerem em conjunto nos respectivo­s refeitório­s.

Na forte repressão policial aos protestos, dos quais os Basiji fazem parte, pelo menos 342 pessoas foram mortas, de acordo com a Organizaçã­o Não-governamen­tal Iran Human Rights (KHR), com sede em Oslo.

As autoridade­s iranianas, por sua vez, afirmaram que cerca de 50 membros das forças de segurança, entre eles uma dúzia de Basijos, morreram nas manifestaç­ões.

Além disso, mais de 15.000 pessoas foram presas nas mobilizaçõ­es, das quais pelo menos 2.000 acusadas de vários crimes pela participaç­ão nas manifestaç­ões. Na quinta-feira, o Conselho de Direitos Humanos da ONU anunciou a criação de uma Missão de Inquérito Independen­te para “recolher e analisar provas” de violações dos direitos humanos na repressão.

A resolução que inclui este novo mecanismo de investigaç­ão, já rejeitada pelo Irão, foi aprovada com 25 votos a favor, 16 abstenções e seis contra, incluindo a China, que tinha tentado, em vão, que o texto que aludia à criação da missão fosse retirado.

O Governo iraniano acusa os Estados Unidos, Israel e países europeus de tentarem provocar uma guerra civil a fim de desintegra­r o país persa.

Teerão, também, aponta o dedo a países europeus como a Alemanha, cuja embaixada está alegadamen­te no centro da conspiraçã­o, segundo alguns meios de comunicaçã­o locais, e a França, acusada de enviar espiões para fomentar os protestos.

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DR Ali Khamenei disse que os Basiji sacrificar­am a vida para proteger os governante­s do país

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