O estranho caso de Halilhodzic
A periodicidade do Campeonato do Mundo é uma grande parte daquilo que torna a prova tão especial. Quatro anos, suficiente para construir uma carreira, mas também para vê-la ruir, comprovando que só os melhores de cada geração conseguem marcar presença em múltiplas edições. Funciona assim com os jogadores, mas a história não destoa muito do ponto de vista dos seleccionadores, que também não costumam acumular múltiplas edições consecutivas. Como tal, falhar uma presença é uma dor enorme. Uma dor que Vahid Halilhodzic conhece melhor do que ninguém... Foi no dia 29 de Março deste ano que o bósnio se tornou no primeiro treinador a qualificar quatro selecções diferentes para o Mundial, ao bater a RD Congo (agg. 5-2) no play-off, pela selecção de Marrocos. 2010, 2014, 2018 e 2022, quatro qualificações conseguidas.
O problema? Apenas uma participação…
A carreira de Halilhodzic já tem muita história. Depois de começar na Bósnia e Herzegovina, o técnico desse país evidenciou-se pela primeira vez em África, onde levou o Raja Casablanca à Liga dos Campeões desse continente. Depois disso levou o Lille desde a Ligue 2 até às provas europeias e passou por outros clubes até começar a sua caminhada ao comando das selecções. Foi pela Costa do Marfim que se estreou no panorama internacional. Drogba, irmãos Touré e Kalou, suficiente para sonhar com glória, mas acabou pisado pelos elefantes. Qualificou-se para o Mundial com alguma tranquilidade, vencendo quase todos os jogos e sem somar qualquer derrota, mas não teve direito a marcar presença na África do Sul, pois a poucos meses do Mundial foi substituído pelo sueco Sven-goran Eriksson, que não passou a fase de grupos, mas ainda registou um empate (0-0) contra Portugal.
O sol do Rio de Janeiro foi cenário do único capítulo feliz nesta história. Vahid Halilhodzić conseguiu o apuramento para o Mundial, mas, ao contrário de todos os outros, conseguiu realmente marcar presença na fase final da prova. Tinha sob a sua alçada a selecção da Argélia desde 2011 e registou uma fase de qualificação que, embora inicialmente tranquila, terminou com um susto: o apuramento foi alcançado pela regra dos golos fora (agg. 3-3), frente ao Burquina Fasso. Ainda assim, foi bastante feliz no Brasil.
Livre de compromissos, Vahid aceitou a proposta da Federação de Futebol do Japão. Na única vez que assumiu uma selecção fora do continente africano, deu continuidade ao padrão da sua carreira. Em 2016 levou os japoneses à final da já extinta Kirin Cup, que perdeu frente à sua Bósnia (1-2), mas manteve-se no cargo e um ano depois assegurou o bilhete para o Mundial da Rússia.
O problema chegou a dois meses do pontapé de saída no Mundial de 2018. Halilhodzic foi surpreendente despedido, com o presidente da federação japonesa a explicar que quer aumentar as oportunidades de sucesso da sua equipa, mas a versão do seleccionador é diferente: este diz que houve descontentamento dos patrocinadores, porque certos jogadores não eram convocados.
O terceiro despedimento em vésperas de um Mundial também aconteceu devido à omissão de certos jogadores, como na ocasião anterior, mas desta vez há muito mais informação na esfera pública. Halilhodzic era o seleccionador de Marrocos, mas excluiu jogadores importantes da selecção do norte de África (Ziyech e Mazraoui) e essa decisão acabou por lhe custar o emprego.
A carreira de Halilhodzic já tem muita história. Depois de começar na Bósnia e Herzegovina, o técnico desse país evidenciou-se pela primeira vez em África, onde levou o Raja Casablanca à Liga dos Campeões desse continente