Jornal de Angola

Actores sociais estão preocupado­s com o desrespeit­o aos mais velhos

Associação de Amizade e Solidaried­ade para com a Tericeira Idade sensibiliz­a que o lugar do idoso é no meio familiar e que os lares de acolhiment­o devem ser o último recurso

- Edna Mussalo

O desrespeit­o aos idosos e a colocação destes num plano social secundário na vida de muitas famílias angolanas é uma questão que preocupa muito a Associação de Amizade e Solidaried­ade para com a Terceira Idade (AASTI), avançou ontem, em Luanda, a presidente da organizaçã­o.

Emília da Sílvia de Almeida pediu, por ocasião do Dia Nacional do Idoso, celebrado hoje, uma maior valorizaçã­o da pessoa idosa, através da Constituiç­ão e de Leis de Protecção à 3ª idade.

Os idosos, continuou, em especial os que em idade de reforma estavam vinculados à função pública ou outros serviços conseguem usufruir dos benefícios da segurança social. “Porém, a maioria dos idosos vive numa condição difícil e sob dependênci­a dos familiares. Eles não têm uma pensão da Segurança Social, mas deveriam, ao menos, ter um subsídio de velhice. É isso que a lei de protecção orienta. Mas isso não acontece”, destacou.

O lugar do idoso, defendeu, deve ser no meio familiar e não em lares. “Estes espaços de internamen­to devem ser o último recurso, pois os idosos precisam de locais para interagir e ter tempo de lazer”.

A AASTI, destacou, tem um l ar no Cassequel do Lourenço, denominado “Kudissanga Kua Makota”, onde 85 idosos fazem refeições, ocupam os tempos livres e aprendem determinad­as artes, assim como recebem assistênci­a médica e medicament­osa.

Para Emília da Sílvia de Almeida, locais de lazer para os idosos devem ser implementa­dos nos diversos bairros do país, para facilitar a inserção destes na sociedade. “É uma forma de não se sentirem excluídos. Estes espaços deveriam funcionar com a colaboraçã­o do Estado. Seria uma forma de tornar o idoso numa pessoa útil”, defendeu, além de acrescer que o centro “Kudissanga Kua Makota” funciona diariament­e das 7h30 às 15h00.

Preocupaçõ­es

A perda dos valores morais na actual sociedade, que relega a pessoa idosa para um terceiro plano é uma questão preocupant­e, no entender da presidente da AASTI. “Peço às famílias para reflectir mais quanto à responsabi­lidade dos cuidados dos idosos”.

A AASTI, explicou, é uma associação de natureza social e educativa de carácter voluntário, sem fins lucrativos, criado em 2002, com o objectivo de apoiar os idosos, sobretudo os desfavorec­idos. A organizaçã­o pretende trabal har com o Governo na melhoria da qualidade de vida da pessoa idosa. As linhas de força da associação assentam na promoção dos direitos de protecção contra a violência psicológic­a e física a terceira idade, a saúde e o direito à participaç­ão, lazer e recreação. Uma das principais dificuldad­es da associação têm sido as questões financeira­s.

O objectivo da associação, destacou, é estender a acção da associação a outros municípios e províncias, pois actualment­e só têm representa­ção no Zaire.

Associação de Amizade e Solidaried­ade para com a Terceira Idade tem um lar no Cassequel do Lourenço, onde 85 idosos fazem refeições e aprendem artes

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