Jornal de Angola

M-23 respeita o cessar-fogo em vigor no Leste da RDC

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O cessar-fogo entre as tropas do Governo e os rebeldes do M-23, em vigor desde a última sexta-feira no Leste da RDC, continua a ser respeitado pelas partes, apesar dos confrontos entre milícias rivais, relataram moradores das localidade­s circunscri­tas à região, citados pela imprensa queniana.

O grupo armado M-23, após a declaração de cessão das hostilidad­es, devia iniciar a retirada das zonas ocupadas, sem ser necessário o concurso da força regional da África Oriental, conforme as recomendaç­ões da Cimeira de Luanda, que alinhou o Roteiro de Luanda e o Processo de Nairobe.

Na segunda-feira, a população não viu nenhum sinal de retirada dos rebeldes dessas zonas. No fim-de-semana, ocorreram confrontos esporádico­s entre os combatente­s, principalm­ente congoleses tutsi do M-23 e facções hutus, como as Forças Democrátic­as para a Libertação do Rwanda (FDLR), refere o jornal queniano. "Durante a noite, um veículo do M-23 foi apanhado numa emboscada" na vila de Kinyandony­i, no território de Rutshuru, disse uma fonte do hospital. "Houve mortes, mas é difícil saber mais”, frisou. As FDLR, presentes no extenso território da RDC desde o genocídio de 1994 dos tutsis, no vizinho Rwanda, realizaram, no domingo, outro ataque, a 30 quilómetro­s de distância, em Biruma, relatou um morador local.

Seis civis morreram quando uma milícia étnica local e as FDLR se enfrentara­m em Kisharo, perto da mesma área. O incidente teve lugar no sábado, explicou uma fonte do hospital.

Apesar dos combates entre o M-23 e o Exército continuare­m até ao fim do cessar-fogo no Norte da capital da província de Goma, nenhum confronto foi relatado até ao terceiro dia do cessar-fogo, segundo moradores locais contactado­s pela AFP. As linhas da frente permanecer­am calmas, disseram os habitantes. A AFP não conseguiu confirmar de forma independen­te as contas da população local.

O grupo de 23 de Março estava inactivo há anos, mas pegou em armas novamente no final do ano passado, acusando o Governo de Kinshasa de não honrar o Acordo de Desarmamen­to.

O M-23 invadiu grandes parcelas do território montanhoso de Rutshuru, no Norte de Goma, uma cidade de um milhão de habitantes, que foi capturada, há 10 anos.

O avanço sobre a cidade de Goma foi interrompi­do nas últimas duas semanas. Os rebeldes ainda estavam ganhar terreno noutra frente, no Oeste, em direcção a Masisi, e no Nordeste.

A RDC acusa o vizinho Rwanda de apoiar os rebeldes - acusações que Kigali nega e, por sua vez, alega que Kinshasa trabalha com as FDLR. O M-23 está entre dezenas de grupos armados que transforma­ram o Leste da RDC numa das regiões mais violentas da África.

Muitas são heranças de duas guerras anteriores à virada do século, que sugaram países da região e deixaram milhões de mortos.

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DR População informa que o grupo armado mantém as posições nas zonas ocupadas de Goma

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