Macron insiste nas críticas ao proteccionismo dos EUA
Joe Biden pretende impulsionar o sector dos veículos eléctricos, com o objectivo de aumentar o emprego industrial, a transição energética e a competição tecnológica com a China
O Presidentefrancês, Emmanuel Macron, foi recebido, ontem, na Casa Branca, em Washington, onde analisou para além da questão do proteccionismo comercial, questões internacionais, como as relações com a China e a guerra na Ucrânia.
A aliança com os Estados Unidos “é mais forte do que tudo”, mas a Europa não deve tornar-se uma “variável de ajuste” numa altura em que Joe Biden lança todas as forças da primeira potência mundial na rivalidade com a China, sublinhou.
“É super-agressivo para os nossos negócios”, alertou ontem o Chefe de Estado francês, durante um almoço com congressistas no Capitólio.
Os grandes subsídios decididos pelo Presidente norteamericano, na importante medida económica e social chamada Lei de Redução da Inflação (IRA), são “superagressivos para as empresas (europeias)”, realçou Macron durante o encontro, segundo um jornalista da FrancePress (AFP) presente na sala.
“Coloque-se no meu lugar”, referiu o governante francês aos congressistas, acrescentando, “você pode resolver o seu problema, mas vai piorar o meu” com essa agenda.
Para Macron, estes investimentos podem “matar muitos empregos” na Europa, caso não exista uma melhor coordenação transatlântica.
“Ninguém me contactou quando o IRA estava em negociações”, insistiu, apelando para que seja “respeitado como um bom amigo”.
A França vê com preocupação o patriotismo económico demonstrado pelo Presidente democrata americano, com o lema “Made in USA”.
Joe Biden pretende, em particular, impulsionar o sector dos veículos eléctricos, com o objectivo de aumentar o emprego industrial, a transição energética e a competição tecnológica com a China.
O plano lançado por Joe Biden prevê quase 375 mil milhões de dólares (368,9 mil milhões de euros) em programas climáticos e de energia destinados a ajudar o país a reduzir as emissões de gases de efeito estufa em cerca de 40% até 2030.
O pacote será financiado, em grande parte, por aumentos de impostos, incluindo um novo i mposto sobre recompras de acções de empresas e um i mposto mínimo de 15% para empresas com lucros muito elevados.
Em relação ao ambiente, o projecto de lei injectará quase 375 mil milhões de dólares ao longo da década, o que para os consumidores significa benefícios fiscais para a compra de veículos eléctricos.
Do ponto de vista norteamericano, a visita de Estado de Macron espera virar de vez a página da grave crise diplomática do ano passado.
Em Setembro de 2021, os Estados Unidos anunciaram uma nova aliança, AUKUS, com a Austrália e o Reino Unido, despertando a fúria da França, pois perdeu um “mega-negócio” para a venda de submarinos a Camberra.