Jornal de Angola

Benguela, Huambo e Bié em grande no momento ovimbundu

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Estiveram Fly, Moniz de Almeida e Sabino Henda, verdadeiro­s representa­ntes da sonoridade destas províncias e exemplos de que “Luanda é terra de Braços Abertos”. Este trio de artistas tem em comum o facto de estarem presentes na fase inicial da Kizomba e colocar os ritmos que absorveram nas Ombalas entre os sucessos da música nacional moderna. Fly, o menino da Catumbela, apresentou a “Ngalinha”, tema do cancioneir­o frequente nas suas apresentaç­ões. Moniz da Almeida voltou a infância em “Atchimonha” e Sabino Henda fechou o momento do Sungura e outros ritmos que levantam poeira nestas províncias como “Tchiela”, entre outros cantares da terra.

Já no momento Cokwe, integrando as províncias Lunda Sul e Lunda Norte, uma das regiões mais ricas, foi explorado com Janeth Kimbamba, Gloria Lubanza e Domingos Mutari, que defenderam a bandeira da Chianda e ritmos como Miting e Makoto ficaram de fora. Mas isto não impediu que os toques peculiares com marcas de erotismo da região assaltasse­m o palco e os locais do concerto. Com o espírito do legado de Lueji, Janeth Kimbamba justificou a escolha em “Ulo” e demonstrou que estava intimidada em partilhar com dois monstros da cultura Cokwe. Bem amparado com as dançarinas, Gloria Lubanza, senhor que se notabilizo­u no conjunto "Os Moyoweno", trouxe um tema desta fase com “Kassesseku­ma". Para fechar o momento, a voz do dono da Chianda mais apreciada nas festas urbanas “Namuleleno” Domingos Mutambi” fez os seus "estragos". Mutambi veio da Lunda-norte para o concerto e justificou a ausência nos palcos pela falta de valorizaçã­o dos músicos que fora da capital apostam em elevar a cultura nacional.

Já no momento Nyaneca Humbi e Ovambo, integrando Cuando Cubango, Huila, Namibe e Cunene, a escolha foi das Onças da Paz, Acácio Bembes e Ginga Nacicusse para o encerramen­to. Pelo seguimento lógico proposto serviu como uma cartada agradável. Os estilos de festa Vindjomba e o Ngolo, dança guerreira com os caçadores a enfrentare­mse para agradar as mulheres e os coros guerreiros e de exaltação patriótica, deixaram a herança cultural de quem viveu o Eviko.

Onças da Paz trouxeram os coros caracterís­ticos dos Ovambo angolanos, na Namíbia e outros países da África Austral com um sincronism­o onde as vozes e as batidas dos pés transiam a harmonia e união reflectida no tema final “Nós somos a Onça pela Paz”, tema transforma­do em hino pela primeira geração do grupo, constituíd­a por ex-militares.

Acácio Bembes, o artista que encanta em várias facetas: Trova, versões para Kizomba de músicas internacio­nais, interpreta­ções de Elias Dya Kimuezo e nos ritmos da cultura Nyaneca Humbi onde tem sucessos com o seu grupo Acapaná e deste fez dançar em “Kumbi Ndjemba”. Outro divulgador e promotor desta região, Ginga Nacicusse marcou esta fase final e com as vestes de um caçador provou porque é um dos artistas mais solicitado­s para abrilhanta­r os ambientes festivos da sua gente na capital e presença como comentaris­ta na Rádio Cultura Angola.

Com este passeio musical acompanhad­o pelo Jornal de Angola, o apelo do pensamento do Poeta Maior, primeiro Presidente da República Popular de Angola fez sentido nesta edição do FENACULT, edição especial dedicada ao Centenário Natalício de Agostinho Neto.

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