Jornal de Angola

Número de mortos aumenta para 122

O grupo rebelde M23 nega a autoria do massacre de civis na localidade de Kishishe, Kivu do Norte, acto que as autoridade­s congolesas catalogam como crime de guerra

-

O Presidente da República Democrátic­a do Congo ( RDC), Felix Tshisekedi, anunciou, ontem, que o número de civis mortos, terça-feira, supostamen­te, pelo Movimento 23 de Março (M23) na localidade de Kishishe, Leste do país, subiu para mais de uma centena.

Fontes locais disseram à Rádio Okapi, uma das emissoras do país, que o número de mortos subiu para 122, informando os 64 corpos encontrado­s nas últimas horas eram de pessoas que estavam escondidas numa igreja.

“O Presidente da República também enviou uma mensagem de compaixão e solidaried­ade às famílias e comunidade­s directamen­te afectadas por esta tragédia. Os três dias de Luto Nacional culminarão, segunda-feira, com uma cerimónia de homenagem que será transmitid­a pela televisão”, refere um comunicado da Presidênci­a do país, divulgado pelo portal de notícias Actualité.

Segundo a France Press (AFP), o Presidente congolês- democrata declarou três dias de Luto Nacional pelo aludido massacre.

Na última reunião do Conselho de Ministros, “o Presidente pediu ao Ministério da Justiça que abra, sem demora, uma investigaç­ão interna e ao mesmo tempo trabalhe a favor de uma investigaç­ão internacio­nal para esclarecer este crime de guerra”, sublinha o comunicado.

A Embaixada de França na RDC demonstrou, na sua conta oficial na rede social Twitter, “grande preocupaçã­o” com relatos deste massacre “supostamen­te cometidos pelo M23, que podem constituir crime de guerra”.

“Esses actos não devem ficar impunes e o M23 deve ser afastado sem demora”, acrescento­u a Embaixada francesa.

Por sua vez, o porta-voz do M23, Lawrence Kanyuka, disse, em comunicado, que as acusações de Kinshasa são “infundadas”, realçando que “o M23 nunca atacou populações civis”.

“O M23 alerta sobre o genocídio em curso em Masisi e pede à comunidade internacio­nal e às Nações Unidas que investigue­m minuciosam­ente”, enfatizou o portavoz. Nesse sentido, o grupo rebelde tem alertado para “uma campanha, sobretudo por parte dos que não querem a paz”, para prejudicar a sua imagem e a boa relação com a população civil que está sob seu controlo, pelo que solicita “rapidament­e uma investigaç­ão independen­te”.

“O M23 reitera o seu compromiss­o de iniciar um diálogo directo com o Governo da RDC e acredita que é a única forma de resolver pacificame­nte o conflito no Leste do país”, concluiu Kanyuka no comunicado, divulgado pelo grupo através do Twitter.

No quadro de uma cimeira na capital angolana, para avançar na normalizaç­ão das relações diplomátic­as, a RDC e o Rwanda acordaram, na semana passada, um cessar-fogo, bem como a retirada das suas tropas das áreas recentemen­te ocupadas na província do Kivu do Norte.

A nova ronda de conversaçõ­es na capital do Quénia, Nairobi, iniciada na segundafei­ra, surge depois de o grupo rebelde ter aceite o Acordo para a cessação das hostilidad­es no Kivu do Norte, embora tenha advertido que se reserva qualquer direito de resposta a qualquer ataque.

 ?? ?? Combatente­s do M23 são acusados de terem assassinad­o dezenas de civis no Kivu do Norte
Combatente­s do M23 são acusados de terem assassinad­o dezenas de civis no Kivu do Norte

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Angola