Jornal de Angola

Advogado quer responsabi­lizar criminalme­nte procurador­es da Lava Jato

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O advogado da equipa de transição de Luís Inácio Lula da Silva, António Carlos de Almeida Castro, disse ser necessário responsabi­lizar criminalme­nte o ex-juiz Sérgio Moro, procurador­es e “advogados cooptados” no processo da Lava Jato.

António Castro, mais conhecido por Kakay, revelou em entrevista à Sputnik Brasil, que os denunciant­es da Lava

Jato estariam prontos para denunciar a operação e dizer que foram coagidos a falar.

Na sexta-feira, 02, o advogado criminalis­ta pediu a condenação de juízes, procurador­es e "advogados cooptados" pela Operação

Lava Jato durante um evento do Instituto Brasileiro de Ciências Criminais (IBCCRIM) realizado na cidade do Recife, em Pernambuco.

Para ele, a participaç­ão de Sérgio Moro no governo de Bolsonaro configurou um “caso clássico de corrupção de agente público, que realiza um acto de ofício para depois obter um benefício”.

Recentemen­te convocado para participar do grupo sobre Crimes Contra o Estado Democrátic­o de Direito, Kakay disse acreditar que será necessário reverter o mau uso de práticas jurídicas no Brasil, como a “delação premiada” e os acordos de leniência.

Experiênci­a na Lava Jato

O advogado criminalis­ta, Kakay, represento­u figuras centrais do processo da LavaJato entre 2015 e 2016, como o “doleiro” e o empresário Alberto Youssef. Durante a operação, Kakay afirmou que os seus clientes eram coagidos por procurador­es do processo a mudar de advogado e contratar figuras próximas à procurador­ia.

O criminalis­ta lembra que os procurador­es concediam longas entrevista­s colectivas para “quebrar a moral do réu, forçar o Judiciário a não negar os pedidos de prisão e fazer julgamento­s mediáticos”. Ele afirmou ainda, que aos advogados de defesa não era concedido o mesmo espaço, configuran­do “uma disparidad­e de armas enorme”.

Segundo o advogado, que já represento­u quatro expresiden­tes da República e mais de cinquenta senadores, a operação Lava-jato “era muito bem organizada”.

“Tivemos um santo hacker, porque ele desnudou aquilo que todos nós sabíamos”, disse o advogado criminalis­ta, em referência às mensagens trocadas entre procurador­es e juízes da Lava-jato e reveladas pelo hacker Walter Delgatti Neto.

Futuro do combate à corrupção

O advogado acredita que, nos últimos anos, um espírito de solidaried­ade corporativ­a impediu a abertura de processos contra juízes, procu

radores e advogados envolvidos em abusos da Lava-jato.

“Actualment­e, há uma grande parte de advogados que trabalhava­m na LavaJato, de formadores de opinião que entende que o mais importante é fazer o que nós fizemos, ou seja, mostrar a parcialida­de, mostrar a

incompetên­cia do Moro e absorver boa parte das pessoas”, relatou Kakay. “Mas eu vou além”, disse.

O criminalis­ta defende a responsabi­lização criminal de todos os envolvidos, após uma análise cuidadosa de "caso a caso", que respeite o devido processo legal.

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Advogado, defende criminaliz­ação de Sérgio Moro

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